
O capelão da Santa Casa da Misericórdia de Faro exortou esta noite os presentes na Procissão do Enterro do Senhor a questionarem-se sobre o sentido da sua vida.
“É hoje oportuno fazeres uma paragem e perguntares-te a ti próprio qual o lugar que Deus ocupa na tua vida. O que é que tu queres para a tua vida? Onde é que queres permanecer para sempre? Junto de Deus ou longe de Deus?”, interpelou o padre Rui Barros Guerreiro no sermão que precedeu a procissão que, devido à chuva e ao vento forte, acabou por sair num percurso mais curto e apenas com o “tumbinho” com o Senhor Morto, mas sem os três andores com as imagens de Nossa Senhora, do apóstolo João e de Maria Madalena, os três que permaneceram junto à cruz do crucificado.
O sacerdote, que é também o pároco da Sé de Faro, acrescentou que o “destino final” de cada pessoa “joga-se no aqui e agora da história”. “O nosso destino final, lugar para onde havemos de ir, joga-se nos gestos, nas palavras que dizemos. Seremos julgados pelo Senhor que é o justo juiz”, observou na igreja da Misericórdia, onde o Coro de Câmara da Sé, sob a direção do maestro Rui Jerónimo, que interpretou alguns trechos de música sacra relativos à morte de Jesus.
Constatando que “aos olhos dos homens, a circunstância em que terminou a vida terrena de Jesus é um por um fracasso”, pois “morre condenado à morte como o mais vil criminoso”, o padre Rui Barros lembrou que, estando os apóstolos “no primeiro dia da semana reunidos no Cenáculo, aparece Cristo ressuscitado”. “O morto da Sexta-feira Santa ali se encontra no Domingo da Nova Páscoa. Se os discípulos não tivessem visto o Senhor crucificado e ressuscitado cada um teria seguido o seu caminho e hoje não estaríamos aqui reunidos”, constatou, lembrando que “a Igreja é o prolongamento de Jesus Cristo na história”.
O vigário geral da Diocese do Algarve, cónego Carlos César Chantre, presidiu depois à Procissão do Enterro do Senhor mais imponente realizada no Algarve que seguiu apenas pela Rua 1º de Maio, Rua Lethes, Rua de Portugal, Rua de Santo António, Rua D. Francisco Gomes e recolheu à igreja da Misericórdia, onde a Associação Filarmónica de Faro e banda da Sociedade Filarmónica Lacobrigense 1º de Maio interpretaram algumas das peças que normalmente acompanham o préstito.
Participaram ainda no cortejo as autoridades civis e militares, as Ordens Terceiras de Nossa Senhora do Monte do Carmo e Franciscana Secular, a Irmandade da Misericórdia, os Bombeiros Sapadores de Faro, o Moto Clube de Faro, os grupos de jovens católicos da cidade, os agrupamentos do Corpo Nacional de Escutas, entre outras entidades e instituições.
A Procissão do Enterro do Senhor é uma das de maior expressão realizada no Algarve, logo depois da de Nossa Senhora da Piedade (Mãe Soberana), em Loulé, e da da Festa das Tochas Floridas, em São Brás de Alportel.