Uma incubadora de empresas arranca em 2017, em Loulé, numa nova fase do “Projeto Querença”, que, desde 2011, procura combater o despovoamento do interior algarvio, impulsionando jovens a criarem produtos ou empresas que ajudem a economia local.
A iniciativa deverá ser apresentada oficialmente na altura do lançamento da terceira fase do Projeto Querença (PQ), adiantou na sexta-feira à agência Lusa uma das primeiras participantes do PQ, Sara Fernandes.
A “Incubadora de Querença”, uma aldeia no interior do concelho de Loulé, no distrito de Faro, será “um espaço para apoiar e acelerar ideias de negócio”, observou Sara Fernandes, que na sexta-feira participou na conferência “Dinamização de Territórios de Baixa Densidade”.
O “Projeto Querença” permitiu, desde 2011, a criação de vários produtos, como é o caso dos roteiros de caminhadas temáticas, uma barra energética confecionada com produtos típicos do Algarve, uma empresa de lazer, entretenimento e desporto e o mercadinho de Querença.
A conferência de sexta-feira contou com a apresentação de vários estudos académicos sobre o PQ e também sobre o projeto “Acolhida na Colônia”, que está em curso no sul do Brasil há cerca de 25 anos, altura em que aquela comunidade era a mais despovoada do Estado de Santa Catarina.
A consultora do projeto “Acolhida na Colônia” e investigadora universitária, Yolanda Flores e Silva, explicou à Lusa que “é importante perceber que o sucesso destes projetos de dinamização dos territórios despovoados não pode ser medido a curto prazo”.
“Tínhamos entre 100 a 200 pessoas e atualmente já temos mais de duas mil, justamente porque começaram a retornar pessoas para a comunidade, começaram a engravidar, a trazer familiares e a população começou a crescer também em termos económicos”, observou.
Para conseguir resultados, os oradores destacaram a importância de criar condições para a fixação de novos residentes, através de políticas de habitação ou de aproximação de serviços públicos no interior como é o caso de serviços na área da saúde ou da educação.
Durante a sua intervenção na conferência, o ex-reitor da Universidade do Algarve João Guerreiro sublinhou como vital para a criação de dinâmicas positivas o desenvolvimento de políticas públicas para o combate à desertificação nos territórios de baixa densidade.
Condições que deem qualidade de vida aos residentes e possam ajudar a atrair novos residentes e novas empresas.
“Hoje, mesmo que mil pessoas quisessem vir morar para Querença, elas não poderiam” porque não tinham onde morar, contou a consultora do projeto “Acolhida na Colônia”.
Yolanda Flores e Silva conheceu o “Projeto Querença” em 2013 quando veio fazer um doutoramento na Universidade do Algarve.
Este foi o mote para a interação entre elementos de ambos os projetos (português e brasileiro), que tem permitido troca de conhecimentos e até o replicar de algumas medidas, como é o caso da constituição da QRER – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade que foi constituída este ano, em Querença.
Esta cooperativa pretende ser um ponto de encontro e trabalho de todos os que queiram fixar-se nos territórios de baixa densidade, tanto jovens recém-licenciados como empresários que tenham ideias de negócio que possam ser viáveis naquele território.