Os sociais-democratas Mendes Bota, Elsa Cordeiro e Cristóvão Norte, eleitos pelo círculo de Faro, referem que a infraestrutura está “bloqueada no seu desenvolvimento” e reivindicam uma Administração Portuária do Algarve autónoma.

Numa missiva enviada ao Governo, hoje divulgada em comunicado, os deputados questionam se o executivo tenciona tomar medidas para melhorar as condições do terminal, que precisa de obras de dragagem e de um rebocador próprio com capacidade para a conduzir navios de grande porte.

Por outro lado, dizem, o cais comercial do porto de Portimão teria que ser alargado em mais 220 metros, uma contrapartida que faz parte do contrato de concessão da Marina de Ferragudo, projeto já aprovado, mas que nunca chegou a avançar.

Os deputados referem que Portimão “poderia estar dentro” do grande mercado de cruzeiros e estipulam como prioridade a encomenda de um estudo técnico ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), com vista ao lançamento de um concurso para a realização de dragagens.

Sem o estudo, que “levará no mínimo nove meses a estar concluído” e que, segundo as estimativas, deverá custar 90.000 euros, não se pode concorrer aos fundos comunitários, sendo a sua realização considerada indispensável, por condicionar “todos os outros investimentos”.

O delegado regional do Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (IPTM) disse, em declarações à Lusa, duvidar que a relação entre os custos e os benefícios de uma operação dessa envergadura justifique o investimento.

“São coisas de muitos e muitos milhões e julgo que não é a altura para fazer esse investimento”, sublinhou, exemplificando que só a dragagem que teria que ser feita na bacia do rio Arade poderia ascender a “mais de oito milhões de euros”.

Por outro lado, segundo Joaquim Brandão Pires, o alargamento do cais e a aquisição de rebocador para auxiliar os grandes navios nas manobras de acostagem iriam provavelmente acrescentar apenas mais “meia dúzia” de navios aos cerca de 50 que anualmente fazem escala em Portimão.

“Seriam, no máximo, mais meia dúzia, que atualmente podem ficar ao largo”, estimou, lembrando que os grandes cruzeiros são em si “autênticos destinos de férias”, o que faz com que os passageiros consumam e comprem praticamente tudo no navio.

Brandão Pires não descarta, contudo, as eventuais mais valias da melhoria das capacidades do porto de Portimão, mas nota que essa operação teria que ser antecedida de um estudo pormenorizado.

Lusa