Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A inauguração da “Exposição para a Difusão do Conhecimento – Núcleo Histórico da Imprensa de Gutenberg e do Pentateuco de Faro” que decorreu no passado sábado, na antiga capela do Paço Episcopal de Faro, contou ainda com a apresentação de uma publicação de quatro volumes que veio trazer a lume a história da imprensa e das artes gráficas em Portugal entre os séculos XV e XIX.

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Com chancela da editora “Sul, Sol e Sal”, a obra da autoria de José Pacheco, designer de formação e professor, foi apresentada por Manuel Cadafaz de Matos, antigo docente da Universidade Católica Portuguesa e membro atual da Academia Portuguesa da História, doutorado sobre a história da imprensa e a história do livro com atividade científica nessa área.

O investigador evidenciou a nova publicação, intitulada “As artes gráficas e a imprensa em Portugal, séculos XV – XIX”, como “uma obra que fazia muita falta”. “A obra que hoje aqui celebramos e de que passamos a desfrutar veio constitui-se como primeiro patamar de transversalidade a cobrir o período que vai desde o século XV até ao século XIX. Este livro traz um forte dispositivo iconográfico que ajuda a compreender as linhas vetoriais por que progrediu a arte da impressão ou a arte tipográfica”, afirmou Cadafaz de Matos, realçando o seu “legado pela imagem de alguns dos principais produtores de gravura”.

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“O autor reflete, por exemplo, sobre como é que evoluiu o modo de fazer gravura e trata ainda com autoridade algumas reflexões sobre o olhar científico sobre o trabalho gráfico em Portugal”, acrescentou, referindo também que José Pacheco “trata ainda sobre a evolução do grafismo das publicações periódicas e não periódicas”.

O autor explicou que a obra resulta de “uma série de desafios” com os quais se foi deparando ao longo da vida e que estimularam a sua curiosidade. “O primeiro foi a necessidade de conhecer a história do design, particularmente do design em Portugal”, referiu José Pacheco, acrescentando que outro teve a ver com a sua “vontade em contribuir para uma reclamada história da imprensa em Portugal há mais de um século”.

O investigador disse também ter sido “desafiado pela falta de uma história do livro onde se envolvessem os historiadores da arte” e “pela falta de uma história da imprensa e das artes gráficas que partisse da sua verdadeira origem: a invenção da tipografia e a sua introdução em Portugal”. “Acabei também confrontado com a falta de uma história que se focasse na nossa cultura impressa, bem como a de uma história que revelasse a importância dos artistas gráficos”, prosseguiu, acrescentando que outro dos desafios foi também a possibilidade de se “envolver com uma história que revelasse a real importância dos artistas gráficos no âmbito da luta de classes em Portugal”.

Por fim, José Pacheco assegurou que desafio “foi também a necessidade de pesquisar e sistematizar dados para uma história da indústria do livro e do jornal em Portugal”. “Este trabalho pretende, sobretudo, homenagear os artistas gráficos, os jornalistas e todos aqueles que se assumiram como uma alavanca da civilização. Mas também eventualmente participar de algumas efemérides, dando a conhecer uma boa parte da história da imprensa nacional que celebra este ano 250 anos de existência”, concluiu.

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O representante da editora “Sul, Sol e Sal”, destacou aquela como uma “obra de grande referência, não só para o Algarve porque o autor é algarvio, mas para o país inteiro”. Manuel de Brito disse que aquela edição é um “projeto deficitário economicamente”. “Estamos isto, não para ter lucro mas para servir uma região. Este é um projeto de serviço à região”, afirmou, aproveitando para pedir apoio para a editora. “Aquilo que pedimos é que não nos ignorem, que tenham respeito pelo nosso trabalho e capital investido e que nos possam apoiar para que o nosso trabalho seja cada vez melhor e mais abrangente”, afirmou.

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O bispo do Algarve também expressou a sua “admiração pela obra produzida”. “Esta obra deduzo que vem preencher uma lacuna importante no panorama português”, afirmou.