O último dia do CEI começou com uma manhã de alegria vivida na “Praça dos Heróis” em Budapeste. Logo na preparação da Eucaristia, milhares e milhares madrugaram para o encontro com o Senhor e o Seu vigário na terra, o Santo Padre. Um coro de 1000 pessoas ia-nos orientando com o seu ensaio intercalado de apontamentos musicais de convite à oração. Tudo estava (esteve sempre) muito bem organizado e orientado para que a celebração fosse realmente de festa e o CEI uma marca na vida daqueles que nele participam.
Ensina-nos o site do Secretariado Nacional de Liturgia que nos “Congressos Eucarísticos internacionais, a Eucaristia conclusiva recebe o nome de “statio orbis”, a estação da Igreja Universal”. Aqui estava a Igreja toda. Desde S. João XXIII estas são celebrações que mostram que em família de Fé somos uma única e grande comunidade à volta da mesa do Senhor. Vivemos um bonito sinal de unidade com o sucessor de São Pedro. Como nos alertava o Arcebispo de Budapeste, “todo o mundo está aqui! Sentimos pelo Ecumenismo um desejo de unidade profundo, por isso a grande alegria que manifestamos pela presença de Bartolomeu I. O nosso encontro é para todos, cristãos, não cristãos e ateus”
Esta vocação da igreja no seio da humanidade alimenta-se da certeza profunda de que Jesus é a fonte da água viva.
“Budapeste é uma cidade ponte entre o ocidente e oriente. As relíquias dos santos da região avivam a consciência de que se pode viver a santidade hoje. Sem desfalecer”!
Na sua homilia o Santo Padre fez um comentário muito oportuno ao Evangelho que pela força do Espírito sempre tem a missão de nos surpreender!
“- Quem dizeis que eu sou?” Eles conheciam bem Jesus. Tinham familiaridade, estavam juntos do Seu ensinamento mas ainda não pensavam como Ele… Não se identificavam ainda. Quem sou eu verdadeiramente para ti? Não é uma resposta exata mas pessoal de vida que implica renovação do coração”. O Papa alertou-nos para:
“Anúncio de Jesus”.
“Tu és o Cristo… está certa mas deve ser guardada ainda. Porquê? É exato mas incompleto! Pode existir a tentação de um falso messianismo. A missão culminará na cruz”. Jesus impõe o silêncio sobre a identidade e não sobre a cruz… Ficamos estupefactos! Ainda hoje. A Eucaristia recorda-nos que Jesus é Deus… podemos fazer muitas cerimónias mas o Senhor está na simplicidade de um pão que se faz partir, distribuir e comer. “Para nos salvar Se faz servo”.
“Discernimento”
A resposta de Pedro é humana. Ele escandaliza-se por causa da palavra do mestre. A cruz não está na moda nem hoje nem no passado. É diante do crucifixo que experimentamos a luta interior do Amor humilde que se torna Bem para o outro.
No sacrifício de Si contrário à lógica do mundo. Caminha ele e tantas vezes nós, mas não se/nos deixa(mos) conquistar.
O Senhor acompanha a nossa luta interior e quer purificar a nossa religiosidade.
“O caminho em direção a Jesus”
“Jesus conduz Pedro a Si… Pedro acolhe essa graça. O caminho Cristão começa com um passo em frente… Um passo libertador”. O Santo Padre recordou-nos que não podemos seguir o “nosso” Jesus mas o verdadeiro “Jesus” na imitação concreta do Cristo!
Caminhar em direção a Jesus é andar em frente com a confiança de ser filho amado de Deus. Viemos para servir e orientar os nossos passos em direção aos irmãos. O encontro com Jesus na eucaristia deve transformar-nos. Daí nasceram os santos que não se contentam com pouco, com uma fé de ritos… mas se alimentam com o Pão partido que dá a vida ao mundo.
O CEI só pode ser um ponto de partida em direção a Jesus perguntando – Tu/vós quem dizeis que eu sou?
O Presidente do Comité para os Congressos Eucarístico Internacionais, D. Marius Marinni partilhou o que lhe ia no coração. “Estivemos na mesa do ressuscitado para alcançar o banquete da vida eterna. Os filhos do Senhor vêm de longe carregados mas de braços de abertos, em direção a uma Igreja de portas abertas. O espírito de Deus dá-nos coragem de nos oferecermos ao mundo ao estilo de Jesus Servo, Pequeno e Peregrino. Este percurso de novidade é a conversão por excelência e a cultura eucarística q inspira os homens de boa vontade. Em cada domingo somos educados a comunicar com o Cristo total que não separa a cabeça do corpo”.
O Santo Padre terminou a celebração a agradecer em nome de toda a moldura humana o que tivemos a possibilidade de viver e celebrar ao longo da semana, do fim de semana e da manhã de hoje! “Graças à grande família cristã da Hungria, católicos e outros, todos estamos a caminho para unidade”. O Papa Francisco agradeceu a presença do Patriarca Bartolomeu I verdadeiro irmão na Fé.
“Tanto se fez pela realização do CEI e deste dia. A cruz foi sinal de salvação no passado e promessa de futuro melhor. O sentimento religioso é a linfa desta nação tão atacada nas suas raízes”. Reconhecendo que o Evangelho é libertador, o Papa lembrou-nos que hoje em Varsóvia foram proclamados beatos duas pessoas que foram servas do Evangelho.
Admirável apoteose de festa se viveu no final. Como somos ricos pelo dom deste sacramento, como somos felizes por sermos baptizados e termos uma Fé que nos pede um testemunho activo.
Obrigado Santo Padre e que pela força do Espírito Santo nos convertamos/me converta cada vez mais em presença eucarística no meio do mundo!
Padre Pedro Manuel, delegado da Diocese do Algarve
ao CEI – Budapeste 2020 (em 2021)