Foi reaberta no passado dia 3 deste mês a igreja matriz de Giões, após os trabalhos de restauro da pintura do teto da capela-mor, do altar principal e dos altares laterais de Cristo crucificado e de Nossa Senhora das Neves.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Inserida no âmbito do projeto de recuperação daquela igreja que teve início em 2017, a obra resultou de uma candidatura ao Programa Equipamentos Urbanos de Utilização Coletiva da Direção-Geral das Autarquias Locais (DGAL). O investimento cifrou-se em cerca de 52.000 euros, financiados pelo Estado Português, pela Câmara de Alcoutim, pela Junta de Freguesia de Giões e pela associação Grito d’Alegria – Associação Cultural e Recreativa dos Amigos de Giões.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Aquela igreja do século XVI tinha sido sujeita a uma primeira intervenção em 2018 que incidiu na cobertura, com a sua total substituição, tendo no interior sido substituídos os madeiramentos das naves laterais, reparadas as fissuras nos arcos, bem como o deslocamento de pedras dos mesmos, recuperados os pavimentos e construída uma rampa de acesso ao interior para pessoas com pessoas com mobilidade condicionada.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Em 2019 foi também possível recuperar dois altares laterais, um dedicado a Nossa Senhora de Fátima e um outro dedicado a São Pedro, com um custo de cerca de 12.000 euros, e posteriormente, o largo da igreja também foi alvo de requalificação.

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O diácono Albino Martins • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Na sessão de inauguração dos últimos trabalhos, após a celebração da eucaristia a que presidiu, o bispo do Algarve enumerou os restauros já realizados na igreja de Cachopo e nas igrejas paroquiais do concelho de Alcoutim, concretamente em Vaqueiros, Martim Longo, Alcoutim, e agora, em Giões. D. Manuel Quintas anunciou que a próxima será a do Pereiro. “Aqui temos a prova de que o dinheiro é bem empregue”, afirmou, desafiando os presentes a tornarem-se embaixadores daquela recuperação do património religioso do interior algarvio. “Gostaria que cada um de nós fosse mensageiro desta obra e que dissesse a toda a gente: «Vão Giões que vale a pena. Visitem a serra algarvia que vale a pena e vejam as igrejas que estão restauradas”, pediu, considerando que aquele património foi restaurado “para ser desfrutado” por todos.

O presidente da Junta de Freguesia, José Afonso • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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O diácono Albino Martins, da paróquia de Giões, lembrou que a recuperação do templo era um “sonho” antigo da comunidade que “só se tornou possível” graças à comparticipação estatal e às ajudas autárquicas e do associativismo local. “Temos de legar às gerações vindouras o que os nossos antepassados fizeram chegar até nós”, afirmou, destacando o sentimento de “beleza” e de “júbilo”. “É isto que sinto quando entro nesta igreja que exigiu tanto esforço, tanto trabalho, mas no fim tanta felicidade pelo resultado final da intervenção realizada”, disse, considerando que “o despojamento e a essencialidade” encontram ali espaço. “Estas intervenções são muito mais do que um edifício e arte recuperada. É e será sempre um sinal da comunidade que se edifica permanentemente na fé, na esperança, no amor, na partilha fraterna e na missão de ser testemunha de Jesus”, concluiu.

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A vereadora da Câmara de Alcoutim, Rosa Palma • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O ex-secretário de Estado da Descentralização e da Administração Local e atual deputado também se regozijou com a obra. “Nunca devemos perder o objetivo de reabilitar aquilo que é nosso”, afirmou o algarvio Jorge Botelho.

O deputado Jorge Botelho • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
O presidente da CCDR Algarve, José Apolinário • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Já o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, que lembrou que a obra do adro da igreja foi também “realizada com fundos europeus”, considerou que aquele restauro “não é apenas um investimento do ponto de vista do património”. “É também um sinal de continuidade e de vida dos gionenses”, afirmou José Apolinário.

O bispo do Algarve, D. Manuel Quintas • Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Ausente por motivos de saúde, o presidente da Câmara, Osvaldo Gonçalves, enviou uma mensagem através da qual destacou “a capacidade de criar sinergias” entre as diversas entidades e parceiros “que tem tornado possível a ambição de requalificar” aquele “importante património religioso” do concelho.

Jorge Palma, do Museu Municipal de Alcoutim, destacou que “a preocupação fundamental foi a conservação e a dignidade deste património alcoutenejo que é de todos”. “Infelizmente no passado o abandono foi o triste destino. Aqui inverteu-se um ciclo que parecia irremediavelmente traçado”, evidenciou.