
A permanência de um rebocador no Algarve aumentaria a segurança marítima na costa, onde passam diariamente 18 navios de cargas perigosas, e permitiria aumentar para 250 mil/ano o número de passageiros de cruzeiros, defendem responsáveis locais.
“Em toda a costa [algarvia] passam diariamente 150 navios responsáveis pelo comércio internacional (…) e desses 150 navios cerca de 18 são de cargas perigosas e, portanto, esse meio [rebocador], é um meio transversal de segurança não só para as operações portuárias mas para a segurança marítima na região”, defendeu Graco Trindade, do sindicato Oficiaismar, organização que congrega oficiais de Marinha Mercante.
Na semana passada foi aprovado em Conselho de Ministros o diploma que agrega os portos de Faro e Portimão na administração do porto de Sines, fusão que deverá permitir avançar com o investimento de 10 milhões de euros no porto de Portimão e de 4 milhões no de Faro.
Segundo o dirigente sindical, é uma “lacuna” no investimento de região que importa colmatar, porque “qualquer investimento no Algarve tem um retorno socioeconómico mais elevado do que em qualquer porto nacional, dado o potencial crescimento e desenvolvimento instalado, potenciado pelas rotas internacionais e pelos meios e atividades económicas na região”.
O rebocador “é um meio auxiliar de manobra”, declarou Graco Trindade, explicando que quando um navio navega em águas restritas perde capacidade de manobrar pelos seus próprios propulsores. Só essa embarcação especial consegue ajudar na manobra, enquadrando essa operação por “elevados padrões de qualidade e de segurança”.
“O porto de Portimão é seguramente o único porto de cruzeiros do país que não tem um meio desse tipo em permanência e, portanto, há que ultrapassar essa falta realizando os investimentos que são necessários”, reiterou.
A urgência em ter um rebocador no Algarve é partilhada pela presidente da Câmara de Portimão, que acredita que se poderiam aumentar para 250 mil os passageiros que por ano passariam pelo porto de Portimão (em 2013 foram 20 mil), caso o Governo investisse em obras essenciais.
Além de um rebocador, Isilda Gomes identifica como essencial a ampliação do cais e o aprofundamento da bacia de manobra e do canal de navegação.
Segundo Graco Trindade, um “aprofundamento do canal, por uma dragagem no canal de navegação aos dez metros referenciados ao zero hidrográfico (altitude de referência a partir da qual são medidas as profundidades)”, e “o prolongamento do cais comercial, ligando ao ponto de apoio naval da marinha” e um rebocador em permanência eram suficientes para permitir “enquadrar as operações por elevados padrões de segurança”.
Em agosto de 2013, o ministro da Economia, António Pires de Lima, anunciou que iam ser investidos num período de quatro anos cerca de dez milhões de euros no porto de Portimão.
Para 2014 estão programadas 37 visitas de grandes navios o que implica a estadia no Algarve de mais de 20 mil pessoas, informou o Turismo de Portimão.
“Porque todos nós sabemos que esta forma de fazer turismo tem cada vez mais aderentes (…) é preciso criarmos estas condições de acesso fácil ao porto de Portimão, à cidade de Portimão e ao Algarve”, concluiu Isilda Gomes.
A 04 de janeiro, cerca de 400 passageiros do paquete Funchal que regressavam da Passagem de Ano na Madeira para Lisboa ficaram retidos várias horas ao largo da costa algarvia, porque não havia um rebocador baseado no Algarve para auxiliar na manobra.