Depois de declarações à imprensa do reitor do estabelecimento de ensino, João Guerreiro, a dar conta do aumento dos “numerus clausus” de 32 para 48 alunos, podendo atingir a centena dentro de três anos, a Associação Nacional de Estudantes de Medicina veio a público contestar o reitor, por considerar que as vagas atualmente existentes são suficientes.
Numa reação a estas críticas, e frisando não querer entrar em polémicas, fonte da reitoria disse apenas à agência Lusa que as declarações do reitor – que esteve toda a tarde numa reunião em Lisboa e indisponível para falar à comunicação social – foram feitas em consonância com o que está acordado entre a Universidade do Algarve (UAlg) e a tutela.
“A deliberação surpreende a comunidade estudantil, tendo em conta o facto de a Agência para a Avaliação e Acreditação do Ensino Superior ter recomendado, no relatório de avaliação que realizou a este curso, em julho de 2012, o não aumento do número de estudantes”, referiu a ANEM num comunicado.
A Associação Nacional dos Estudantes de Medicina acrescentou que, de acordo com a Agência, “o curso está em fase experimental até se permitir a avaliação da performance dos alunos que terminarão o seu curso na Universidade do Algarve, pela primeira vez, este ano”.
A ANEM sustenta que o curso de Medicina passou de 566 vagas para 1729, número que representa “um aumento superior a 200%, nos últimos 15 anos”, e “excede já, em mais de 500, o limite de vagas assinaladas como necessárias”, por um grupo de estudo criado em 2001, pelo XIV Governo Constitucional.
O presidente da ANEM, Francisco Ribeiro Mourão, considera que, “no contexto de reajuste político financeiro atual, e face às perspetivas de médicos excedentários, revela-se completamente injustificada a manutenção do número de vagas atualmente existentes e, muito menos, o seu aumento”.
O dirigente associativo considera ainda ser “motivo de preocupação” a incapacidade de receber estudantes para a realização de internatos de especialidade no Sistema de Saúde, que tem demonstrado “saturação das suas capacidades formativas”.
“A formação completa de um médico, e a sua prática clínica de uma forma autónoma, implica a sua integração numa especialidade, o que decorre ao longo do internato médico. O número de vagas disponíveis para o internato já se encontra no limite, tendo-se verificado sérias limitações neste processo durante o ano de 2012”, afirmou o presidente da Associação.
Lusa
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