O projeto do troço que vai ligar, no concelho de Faro, a A22 ao complexo comercial IKEA foi chumbado pela Câmara Municipal local, cujo presidente admitiu na sexta-feira estar preocupado com a possibilidade de um pedido de indemnização à autarquia.
Rogério Bacalhau explicou que o processo corre desde 2012 e foram assumidos compromissos entre a autarquia e o IKEA, concretamente com a aquisição do terreno onde se construiria a estrada de ligação, que foi comprado com dinheiro da empresa mas ficou registado em nome da autarquia para integrar o domínio público municipal.
“Isso é o que me preocupa, porque estamos num fim de linha e, portanto, o IKEA pode, inclusivamente, pedir indemnizações relativamente aos investimentos que já fez em benefício da câmara, embora fossem também destinados a complementar o projeto”, sublinhou o autarca.
O troço em causa faria a ligação da A22 ao IKEA para os condutores que seguem no sentido Portimão–Faro, mas o projeto tem previstas outras ligações viárias que não se encontram no território do concelho de Faro.
A decisão da reunião de câmara realizada na quinta-feira sobre este troço é definitiva, porque já houve uma audiência de interessados, tendo contado com cinco votos contra da oposição e três votos a favor dos elementos do executivo municipal da coligação PSD/CDS-PP/MPT/PPM.
O projeto já tinha sido vetado pela oposição em janeiro.
Na ocasião, o vereador socialista Paulo Neves explicou à Lusa que o veto visava acautelar os interesses do município e evitar possíveis indemnizações caso a obra pudesse ser considerada ilegal se as ações judiciais em curso contra o projeto IKEA tiverem deliberações que inviabilizem o complexo comercial.
O projeto prevê uma loja IKEA, uma área comercial tradicional com 195 lojas e um centro comercial especializado com 125 lojas, a par de uma área de estacionamento exterior para 1.819 veículos e de estacionamento subterrâneo para 847 veículos ligeiros.