José Sócrates discursava no comício de Faro, no Largo da Pontinha, numa intervenção que terminou ao fim de 20 minutos, quando a chuva começou a cair de forma mais intensa.
O secretário-geral do PS considerou “especialmente grave” as declarações de Pedro Passos Coelho no sentido de admitir mudanças na lei da interrupção voluntária da gravidez, assim como a realização de um novo referendo.
Segundo Sócrates, o presidente do PSD “propôs um regresso ao passado, quando havia em Portugal aborto clandestino e mulheres condenadas com prisão por terem praticado interrupção voluntária da gravidez (IVG)”.
“O líder do PSD também demonstra que não se resignou aos resultados do último referendo sobre IVG. Dirá o líder do PSD que o PS também exigiu um segundo referendo, mas nós assumimos no nosso programa e fizemo-lo de forma limpa”, disse.
Depois, Sócrates acusou Passos Coelho de mudar de convicções “ao sabor das conveniências e segundo os auditórios”.
“Foi logo dizer isso numa entrevista à Rádio Renascença – muito apropriado. Respeito opiniões diferentes, mas não tenho respeito por aqueles que dizem uma coisa e, passado uns meses, outra diferente”, criticou, antes de avançar com uma justificação sobre a posição assumida por Pedro Passos Coelho.
“Eu tenho uma explicação: esta mudança de opinião é muito conveniente do ponto de vista político. A verdade é que a disputa entre PSD e CDS é tão intensa que até leva o líder do PSD a mudar de opinião em matéria de IVG”, afirmou.
Para Sócrates, o pior para o país “são lideranças políticas instáveis, que mudam de opinião segundo as conveniências, porque as lideranças instáveis não dão nem confiança nem segurança aos portugueses”.
Lusa