Foto © Samuel Mendonça

Na última edição das “Tertúlias da Fé”, promovida no passado sábado pela paróquia de Armação de Pêra, a psicóloga clínica, especialista em perturbações do desenvolvimento e psicologia da web e cyberbullying, Rosário Carmona e Costa, alertou os pais para a “falsa sensação de segurança” de ter o filho “superseguro” em casa.

Na iniciativa, que voltou a ter lugar no Centro Pastoral de Pêra, desta vez sobre as novas tecnologias e o seu impacto na família e nos relacionamentos, aquela técnica defendeu que “até aos 13 anos não faz sentido ter-se conta numa rede social”. “A rede social por excelência tem de ser a escola”, sustentou.

A psicóloga, que defendeu a redução da utilização de ecrãs por crianças e adolescentes, sublinhou que o bloqueio de acesso apenas a “sites de conteúdo sexual ou mais duvidoso” não garante a proteção dos menores. “Aquilo que o meu filho está preparado para ver, não quer dizer que o filho da minha vizinha, com a mesma idade, esteja preparado para ver”, exemplificou, garantindo que os perigos não são apenas os conteúdos.

Foto © Samuel Mendonça

Rosário Carmona e Costa destacou a necessidade de instruir as crianças e adolescentes para, para além não aceitarem pedidos de “amizade” de estranhos, nunca falarem com ninguém em privado, nem aderirem a comportamentos em massa. Por outro lado, evidenciou complementarmente a importância do respeito pelos outros.

A oradora rejeitou a este nível que o fenómeno “Baleia Azul” seja considerado um jogo. “É um esquema de manipulação”, distinguiu, considerando não haver lugar para se “conversar sobre tudo” o que diz respeito àquele fenómeno. “Não temos que explicar tudo. Os nossos filhos não estão preparados para tudo e não é suposto. Conversas da «Baleia Azul» com miúdos até aos 13 anos não faz sentido porque, em primeiro lugar, eles nem deviam ter rede social e o problema é que têm”, afirmou.

Relativamente ao cyberbullying, a especialista disse que o risco de suicídio nas vítimas dessa experiência é “três vezes maior” relativamente ao bullying presencial por causa do “palco”. “Se eu sou vítima na vida real, quem viu foi quem assistiu à minha agressão. Se eu for vítima de bullying em contexto virtual, o palco é potencialmente infinito”, comparou.

A psicóloga explicou então haver competências a trabalhar como “tolerância à frustração para combater os agressores”, as “competências de empatia” e “expressão emocional”.