Litografica_sulA administração da Litográfica do Sul comunicou na sexta-feira aos trabalhadores que não vão receber o salário de março e só na quinta-feira saberá se a empresa entra ou não em insolvência, disse fonte sindical.

A administração da Litográfica do Sul, sedeada em Vila Real de Santo António, reuniu-se na sexta-feira com os funcionários, que aguardavam há três meses para saber qual vai ser o seu futuro, depois de terem recebido informações de que a empresa podia fechar portas e despedir os mais de 40 trabalhadores, apesar de ter encomendas.

António Hilário, do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE-Sul), disse à Lusa que também se deveria ter reunido com a administração e a administradora judicial indicada no edital afixado à porta da empresa a informar que a mesma estava sob Processo Especial de Revitalização (PER), mas após o encontro com os trabalhadores foi-lhe comunicado que “se tinham esquecido de receber o sindicato”.

Por isso, afirmou, “ficou marcado uma reunião com o sindicato, que deverá realizar-se ou sábado ou na segunda-feira, e continuamos sem saber o que vai acontecer. O que foi dito aos trabalhadores é que não há dinheiro para pagar os salários de março e que podiam ficar em casa até quinta-feira, dia em que será comunicado o que vai acontecer”.

Uma trabalhadora, que pediu para não ser identificada, contou à Lusa que, na reunião com os trabalhadores, a administração disse que “não havia condições para pagar salários no fim do mês e, se as negociações que estão em curso com um investidor falhassem, a empresa fecharia e os trabalhadores seriam alvo de despedimento coletivo”.

A funcionária disse ainda que ela e muitos colegas seus não vão permanecer em casa e vão continuar a cumprir horários, como têm feito nos últimos três meses, mesmo sem trabalho.

António Hilário também aconselhou os trabalhadores a cumprirem os seus horários de trabalho, até para “garantirem que não é retirada nenhuma maquinaria da empresa”, que chegou a ter salários em atraso, pagou esses vencimentos, mas não consegue assegurar as matérias-primas necessárias para continuar a laboração.

Na sexta-feira, cerca de 100 pessoas, entre trabalhadores, dirigentes sindicais do SITE-Sul, da União de Sindicatos do Algarve e representantes do PCP e do BE manifestaram-se à porta da empresa em protesto contra um possível encerramento e pediram a intervenção do Governo e da Câmara para manter os postos de trabalho.

No protesto, Jorge Leal, com 43 anos e 24 de trabalho na Litográfica do Sul, disse que os trabalhadores souberam que a empresa “tinha cessado a laboração” por telefone e aguardavam a visita da administradora judicial designada para perceber o que o futuro lhes reservava, mas após o encontro as incertezas mantiveram-se e só vão ser desfeitas na quinta-feira.

“São mais três dias de angústia à espera de saber o que vai acontecer”, lamentou Aldina Leal, outra trabalhadora da empresa, com 42 anos de serviço.