
A Câmara de Vila Real de Santo António defendeu ontem a necessidade de auditar os laboratórios do Instituto do Mar e da Atmosfera, cujas análises detetaram bactérias que justificam a proibição da apanha de bivalves, na costa algarvia.
Em causa está a proibição que vigora nas zonas costeiras do concelho, situado no extremo sudeste de Portugal e na fronteira entre o Algarve e a região autónoma espanhola da Andaluzia, que a Câmara considera estar a ser ordenada, devido à alegada presença de toxinas que não são detetadas em níveis prejudiciais para consumo humano nas amostras que a autarquia mandou analisar noutro laboratório.
“Mais uma vez, os exames pedidos pela autarquia ao laboratório oficial e devidamente certificado que efetua as análises para a Junta de Andaluzia (Espanha) contrariam os resultados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e revelam que a presença de toxinas na costa do concelho é inferior aos mínimos legais, pelo que a apanha de bivalves não deveria estar proibida”, criticou o presidente da Câmara de Vila Real de Santo António, Luís Gomes.
A Câmara de Vila Real de Santo António anunciou que vai por isso “solicitar uma auditoria aos laboratórios do IPMA, devido às constantes discrepâncias” entre os dados das suas análises e os resultados daquelas que foram requisitadas pela autarquia, para determinar o nível de toxinas dos bivalves da costa algarvia.
O presidente do município advertiu que a interdição põe em causa a “subsistência de centenas de famílias de mariscadores” que ficam sem rendimentos durante os períodos de proibição de captura, que está a vigorar quando as análises solicitadas pelo município detetam níveis de toxinas “inferiores aos mínimos legais”.
“Se dois institutos oficiais apresentam resultados diferentes para o mesmo tipo de análises, temos de exigir ao Estado que monitorize a situação, assuma as suas responsabilidades e apure a situação até às últimas consequências”, defendeu ainda Luís Gomes, citado num comunicado da autarquia.
O autarca voltou a exigir ao IPMA “rapidez e transparência na divulgação dos resultados das análises” que justificam a interdição e criticou o Instituto por só disponibilizar na Internet os resultados das análises de há mais de dois meses.
A autarquia criticou ainda o IPMA e a Secretaria de Estado do Mar por “até agora não apresentarem quaisquer sugestões para os problemas apontados” pela Câmara e os mariscadores da Baía de Monte Gordo, como a “revisão dos valores e das condições de atribuição dos fundos de compensação” para “minimizar os prejuízos” causados pela proibição de captura de bivalves.