O tricampeão da Volta a França (2007, 2008 e 2010), impedido preventivamente de correr desde setembro, só hoje vai saber da sua absolvição ou castigo de um ano devido ao controlo antidoping positivo por clembuterol durante o último “Tour”, embora a imprensa local tenha noticiado que a Real Federação Espanhola de Ciclismo decidiu favoravelmente ao corredor.
Assim, Contador poderá competir de imediato, sem prejuízo de um eventual recurso da Agência Mundial Antidopagem e da União Ciclista Internacional para o Tribunal Arbitral do Desporto, mas o escasso tempo entre a comunicação oficial e a partida para mais uma “Algarvia” podem afastá-lo do habitual início de temporada no sul de Portugal, segundo disse à Agência Lusa o seu assessor, Jacinto Vidarte.
O presidente da Associação de Ciclismo do Algarve, Rogério Teixeira, na qualidade de organizador da prova, declarou não ter havido contacto do atleta, embora o seu nome conste da lista provisória da equipa dinamarquesa SaxoBank.
A “Algarvia”, apesar um orçamento um pouco mais modesto do que os anteriores (400 mil euros), voltou a seduzir 12 das 18 equipas do topo mundial (Pro World Tour), além de outras cinco do segundo escalão internacional (Profissional Continental) e das quatro sobreviventes lusas (Continental), mas caíram novamente por terra as tentativas de transmissão televisiva em direto ou resumos diários por falta de patrocinadores.
Os diretores desportivos dos vários conjuntos apostaram no último dia – o técnico contrarrelógio individual de 17,2 quilómetros, entre Lagoa e Portimão -, precavendo-se com “sprinters” para as restantes três etapas em linha, uma vez que a ascensão ao Alto do Malhão não deve causar diferenças inultrapassáveis.
Além do suspenso Contador, os especialistas na luta contra o cronógrafo capazes de se manter em boas posições durante a incursão à serra são muitos: o espanhol Luis Leon Sanchez (Rabobank) venceu o “crono” há um ano e “empurrou” o português Tiago Machado (RadioShack) para o terceiro lugar do pódio da geral.
Outros candidatos a boas prestações no exercício de concentração e potência de cerca de 20 minutos no desabrigado e sinuoso traçado são o alemão Tony Martin e o seu colega o norte-americano Tejay Van Garderen (HTC), o alemão Andreas Kloeden (RadioShack), o checo Roman Kreuziger e o seu colega russo Evgeni Petrov (Astana) ou o germânico Linus Gerdman (Leopard), entre outros.
Num percurso de 707,7 quilómetros, divididos por cinco etapas, com um total de oito metas-volantes e 11 contagens para o prémio da montanha (10 de terceira categoria e uma de segunda), as tiradas do primeiro, segundo e quarto dias devem originar as empolgantes lutas entre velocistas.
O norte-americano Tyler Farrar e o seu colega brasileiro Murillo Fisher (Garmin), o espanhol Juan José Haedo (SaxoBank), o alemão André Greipel (Omega) e o português Manuel Cardoso (RadioShack) vão tentar estar sempre nos metros finais, assim como outros lusos: Samuel Caldeira (Tavira-Prio), Bruno Lima (Onda-Boavista), Filipe Cardoso (Barbot-Efapel), Bruno Sancho (LA-Antarte).
De resto, as quatro equipas portuguesas poucas pretensões podem acalentar quanto à vitória na geral, que escapa a um corredor nacional há cinco anos, desde o triunfo de João Cabreira, na então Maia-Milaneza.
“A Volta ao Algarve é muito diferente de todas as outras provas. Tem um pelotão com uma qualidade que muito poucas corridas têm no Mundo. Não podemos competir de igual para igual”, resumiu à Lusa o técnico mais experiente do pelotão profissional luso, o boavisteiro José Santos.
Lusa