Trata-se do segundo ano de um percurso programático que se estende até 2017 – e que dará “particular atenção” á Pastoral da Família, procurando responder ao chamamento implícito no seu lema em três particulares dimensões vivenciais: “o amor celebrado na comunidade, o amor vivido na família e o amor testemunhado no mundo”.
No salão da igreja de São Pedro do Mar, onde decorreu o encontro da Diocese do Algarve com os responsáveis das paróquias, movimentos, serviços diocesanos e institutos religiosos, o bispo do Algarve lamentou o “número crescente de batizados sem referências cristãs, eclesiais e comunitárias” e sublinhou ser preciso mudar o “estilo de organização da comunidade eclesial” e a “mentalidade dos seus membros” para que surja uma “Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II”.
D. Manuel Quintas, que á tarde apresentou a dimensão do Programa Pastoral que se detém no “amor celebrado na comunidade”, defendeu ser preciso “repensar a eficácia do percurso da iniciação cristã e o modelo catecumenal” e apelou á “autenticidade de adesão a Cristo”, á “consciência de pertença e participação comunitária”, á “qualidade do testemunho da fé” e ao “compromisso de anúncio do evangelho”. “é este tipo de comunidade que queremos ser e é para lá que temos de caminhar”, apontou, lembrando que “a renovação evangelizadora das comunidades precisa do envolvimento de todos”.
O prelado disse ser preciso “formar, delegar, corresponsabilizar, apoiar, rever e confiar”. “São palavras que considero fundamentais para se conseguir concretizar este caminho que nos propomos percorrer ao longo deste ano”, complementou o bispo do Algarve, que exortou a “revitalizar a ação evangelizadora da comunidade” e a um “novo impulso evangelizador”, lembrando que “a comunidade toda é enviada a anunciar o evangelho” e que “na evangelização é essencial a partilha da fé”.
D. Manuel Quintas, que destacou que os católicos algarvios são “chamados ao amor” para serem enviados em missão, enumerou as sugestões do Programa Pastoral em ordem á dimensão do amor vivido na comunidade.
Neste sentido, destacou a dimensão do amor celebrado na comunidade através da celebração e adoração da eucaristia, da celebração regular da reconciliação, da criação dos conselhos pastoral e económico, da instituição de novos ministérios (serviços) na saúde, na família e na caridade, da formação ao nível da iniciação cristã, Escola de Leigos e Lectio Divina (forma aprofundada de oração, a partir da leitura da Bíblia, que exige disponibilidade de tempo e de espírito), da criação do Dia da Comunidade e da implementação de uma comunidade aberta através das aulas de Educação Moral e Religiosa Católica e de outras formas de inserção. O bispo diocesano apelou mesmo a uma “Igreja de portas abertas”, até no sentido literal da expressão. “Sabemos que não devemos deixar as igrejas abertas sem ninguém mas as igrejas de portas abertas é essencial e fundamental. Sabemos como é importante para tanta gente a oração junto do sacrário”, sustentou, apelando a que se organize nas paróquias um “movimento de gente que se responsabilize umas tantas horas por dia para que as igrejas fiquem abertas o máximo tempo possível”.
O padre Joel Teixeira, assistente do Secretariado da Pastoral Familiar da Diocese do Algarve, apresentou a dimensão do Programa Pastoral que se detém no “amor vivido na família”, garantindo que esta será desenvolvida “numa dinâmica com vários sectores da pastoral” por ser, a dimensão da Família, transversal ás diversas áreas da pastoral da Igreja.
O sacerdote enumerou as sugestões do Programa Pastoral em ordem a esta dimensão, destacando a importância do acompanhamento pós-matrimónio, da espiritualidade na vida conjugal e a atenção ás situações matrimoniais irregulares. Apelou ainda á participação na VI Jornada Bíblica, cuja temática será «Família, projeto divino», no Encontro Vicarial das Famílias e na Jornada da Igreja Diocesana também a realizar em torno da pastoral familiar.
Carlos Oliveira, diretor do Secretariado da Pastoral Sóciocaritativa da diocese algarvia, apresentou a dimensão do Programa Pastoral que se detém no “amor testemunhado no mundo” através da caridade.
Enumerando as sugestões do Programa Pastoral em ordem a esta dimensão, apelou á formação sobre a Doutrina Social da Igreja e sobre temas específicos da constituição Gaudium et Spes, uma das quatro constituições saídas do Concílio Vaticano II, sobre a qual se inspira o Programa Pastoral ontem apresentado.
“Somos chamados a (re)formar grupos de ação sóciocaritativa devidamente organizados”, destacou também Carlos Oliveira, pedindo ainda que se crie mensalmente na comunidade paroquial o Domingo da Caridade para recolha de bens para os mais carenciados e que se instituam novos ministérios (serviços) na pastoral sóciocaritativa.
Aquele responsável apelou ainda á participação na iniciativa “10 Milhões de Estrelas – Um gesto pela Paz”, nas Jornadas de Ação Sóciocaritativa e nos encontros dos Centros Sociais Paroquiais.
Na missa de encerramento da Assembleia Diocesana, o bispo do Algarve deixou um alerta final. “Tudo isto não passará de fogo-de-artifício se não partirmos com uma atitude de quem se sabe amado por Deus”, advertiu, pedindo aos algarvios que se deixem “olhar, amar, perdoar, acolher e escolher” por Deus como “atitude fundamental” com vista á frutificação do Programa Pastoral
Samuel Mendonça