Para o autarca, a medida do Ministério da Educação "representava uma importante machadada no desenvolvimento de Alcoutim e na luta que a câmara tem estado a travar contra a desertificação" do concelho do nordeste do Algarve, um dos mais afetados do país pelo envelhecimento e perda de população.
Francisco Amaral explicou à Agência Lusa que "o que estava previsto era o encerramento da Escola Básica Integrada de Alcoutim", mas "o senhor Secretário de Estado da Educação [João Trocado da Mata) foi sensível aos argumentos da autarquia", expressos numa carta enviada à tutela.
"A solução passa por manter a escola em Alcoutim, com uma fusão do conselho executivo e do corpo docente com a escola de Martinlongo", acrescentou o presidente da câmara, revelando que se vai reunir segunda feira com o secretário de Estado para "ultimar os pormenores".
A escola de Alcoutim manterá assim as portas abertas, mas com gestão do Conselho Executivo da escola de Martinlongo e com os professores a deslocarem-se à sede de concelho para dar aulas, em vez de serem os alunos a ir para o estabelecimento de ensino da freguesia.
"A efectuar-se, [o encerramento] significaria um prejuízo enorme para os alunos das freguesias de Alcoutim e Pereiro, a residirem em povoações dispersas e distantes de Martinlongo, penalizando-as com mais duas horas diárias de transportes", argumentou o autarca na carta enviada ao secretário de Estado e a que a Lusa teve acesso.
A medida obrigaria ainda a câmara a comprar dois autocarros para o transporte dos alunos e levaria para o desemprego os funcionários e professores, com implicações na economia local, segundo o autarca.
"Por tudo isto, se tal acontecesse, representaria uma machadada na luta contra a desertificação, que estamos em vias de vencer, assim como colocaria em causa a sobrevivência da sede deste concelho", disse também Francisco Amaral ao governante.
Amaral lembrou o contrato de transferência de competências assinado com a anterior Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, que "prevê a continuação das duas escolas e o aumento do número de funcionários da Escola de Alcoutim", assim como os mesmos pressupostos nos números de alunos invocados pelo ministério para justificar o encerramento do estabelecimento de ensino.
"O encerramento da Escola, a ir avante, o que não acreditamos que alguma vez venha a acontecer, só revelaria desrespeito pela recente decisão da Senhora Ministra da Educação", afirmou o presidente da câmara algarvia.
Lusa