
O bispo do Algarve lembra que a ajuda da Igreja algarvia às situações de maior carência em tempo de crise económica é sempre “pontual” e de “emergência”.
“Infelizmente tenho de reconhecer que a nossa ajuda é sempre uma ajuda pontual, de emergência. Não temos capacidade para mais. Vamos respondendo dia a dia, pontualmente, porque é isso que nós podemos fazer”, lamentou D. Manuel Quintas em entrevista concedida à Rádio Costa D’Oiro, ontem transmitida, entre as 13 e as 14h, no espaço ‘Entrevista da Semana’.
“Gostava que tivéssemos a capacidade de resolver os problemas mais profundos das pessoas, não apenas do ponto de vista da presença de Cristo na sua vida, mas, sobretudo, daqueles problemas a nível pessoal, familiar, cultural”, acrescenta o prelado, que gostaria de ter “condições, meios e estruturas” para que a Igreja algarvia pudesse “fazer muito mais”, lembrando que quase todos os problemas começam com o desemprego e “com tudo o que isso significa de transtorno, mudança e alteração da vida das pessoas e de projetos”.
O bispo do Algarve regozija-se, contudo, com aquela que classifica como uma “força escondida”. “Tenho encontrado a maior disponibilidade das nossas comunidades cristãs do Algarve, de uma generosidade inexcedível. São estas atitudes que interpelam e contagiam porque há gente que não pratica, mas na mesma sente em si a necessidade de partilhar o pouco que tem”, testemunha, garantindo haver “muitos gestos escondidos, esquecidos, que todos juntos resolvem, verdadeiramente, situações de emergência”.
Recorde-se que o Fundo Social da Diocese do Algarve que, desde fevereiro de 2009, tem estado a apoiar as vítimas da crise, “dando prioridade às situações de carência mais grave”, concretamente junto da “população desempregada”, em maio deste ano e desde 2011 já tinha distribuído quase 114 mil euros.
Referindo-se também à identidade algarvia, D. Manuel Quintas diz que a primeira imagem que transparece é a de uma “sociedade muito plural, muito diversificada”. “Vejo nisso uma riqueza. Aqui no Algarve encontra-se gente de todo o país e de uma quantidade enorme de países e isso dá uma dimensão que é caraterística do Algarve. Esta diversidade ajuda a crescer com uma capacidade de acolhimento, compreensão, tolerância e diversidade”, considera, garantindo que o povo algarvio é “muito generoso, muito aberto”.
“Não quero estar a fazer distinções, entre uma parte do Algarve e a outra, porque as há. Aquilo que noto é um povo muito acolhedor, aberto e tolerante. Aqui já se vive aquilo que acontecerá no futuro porque, cada vez mais, seremos de muitos países e proveniências”, complementa, apelando à defesa da identidade cultural da região. “O esforço que está a ser feito há-de ser compensado no sentido de não perdermos a nossa identidade e as nossas raízes”, sustenta.
A Rádio Costa D’Oiro, com sede em Portimão, pode ser sintonizada no barlavento algarvio através frequência 106.5 FM, sendo captada também no litoral do Baixo Alentejo ou ainda online, através do seu site.
A entrevista ao bispo do Algarve, cujo áudio disponibilizamos embaixo, será repetida na Rádio Costa D’Oiro na próxima quarta, 11 de dezembro, entre as 13 e as 14h e no dia 15 de dezembro às 12.30h, no espaço ‘Encontro com a palavra’.
Entrevista de D. Manuel Quintas à Rádio Costa D’Oiro: