Todos sabemos que, desde o último quartel do século passado, vários flagelos têm assolado e continuam a assolar este nosso tempo, como nomeadamente a droga, a sida e o terrorismo.

Hoje, vamos apenas reflectir sobre esse abominável crime de lesa-humanidade a que chamamos terrorismo.

Se no século XVII, o grande Vieira classificava a guerra como o pior dos males que ao povos poderia sobrevir, hoje, de certo, aquele insigne orador diria que o terrorismo é a praga mais nefanda, o meio mais abominável que os homens perversos das suas maquinações.

O terrorismo é, sem dúvida, aquele inimigo sempre escondido à espreita e que chega quando menos se espera.

Ele aparece na esquina duma rua, na estância de veraneio mais sossegada, no rapto de crianças inocentes, no assalto à mão armada de qualquer instituição bancária e, mais dramaticamente, em qualquer aeronave que transporta os mais inocentes e desprevenidos passageiros…

Enfim, matam-se pessoas inocentes, a sangue frio, ameaça-se de morte muitas outras, para se reivindicarem, a terceiros, determinadas medidas, determinadas benesses a favor de outros terroristas e sequestradores detidos. O troco da libertação de criminosos é a vida de inocentes indefesos!…

A que ponto chegou esta nossa civilização tão avançada tecnologicamente falando e quase a voltar à barbárie pelas acções que pratica!…

Por este caminho, a humanidade precipita-se para a sua auto-destruição.

Isto não é retórica balofa, pois, basta reflectirmos um pouco na desordem que se verifica por toda a parte, para concluirmos que o mundo está, de facto, em crise.

E como na génese de todas as coisas estão as ideias, são elas, sem dúvida que movimentam as causas e impulsionam as decisões a todos os níveis. E quando determinadas ideias impregnam a vida dos temperamentalmente fanáticos, então, tudo pode acontecer.

Todos nós sabemos quais são as principais fontes de terrorismo actual, onde o fanatismo é uma componente bem visível e por isso, serve não só de força inspiradora como também de alavanca impulsionadora de todas as acções que possam conduzir à consecução dos fins propostos pelo fanatismo dos ideais políticos mais absurdos!…

Creio que todos nós pressentimos que estamos a chegar a uma encruzilhada da História cujo desfecho não podemos adivinhar, muito embora estejamos já a viver a crise da mudança.

O homem parece andar à deriva, completamente perdido, porque esqueceu os seus valores fundamentais. Hoje, em muitas circunstâncias, as pessoas são tratadas como coisas. O seu valor, a sua dignidade diluíram-se ou apagaram-se na confusão e no caos das teorias que o avanço da ciência e da técnica, pretensiosamente, quis divulgar, com uma certa intenção de esclarecer, mas mais confundir os espíritos menos preparados para, com o devido discernimento poderem fazer um juízo exacto dos factos e das circunstâncias que os determinam, bem como das ideias que os enformam.

É, pois, neste ambiente, que vão acontecendo todos os distúrbios e se vão cometendo os crimes mais nefandos contra a Humanidade.

Este princípio do século XXI está a oferecer-nos um triste espectáculo de verdadeira demência, que oxalá não descambe para a maior tragédia que seria o fim de tudo o que o homem concebeu e realizou ao longo dos tempos.

Seria, por outras palavras, a ruína e a hecatombe total.

Esperamos, contudo, que isso não aconteça e que, a nível mundial, se criem mecanismos credíveis e eficazes que possam extirpar todos esses crimes de lesa-humanidade.