Diz-se por aí, tanto em surdina como à boca cheia, que Portugal sofre e está a definhar.

De facto, este nosso país, este rincão à beira mar plantado, está quase a agonizar pelas moléstias tanto do seu corpo como da sua alma.

Os responsáveis políticos e sobretudo os governantes têm contribuído para este desenlace que está a levar as gerações presentes e, de um modo mais catastrófico, as futuras para a ruína e a miséria total.

Não se pense que esta análise é pessimista, não, ela assenta na realidade dos números estatísticos que todos conhecemos e que falam por si mesmos…

Mas é pena verificarmos que responsáveis, que nos governam tentem sempre escamoteá-los ou interpretá-los à sua maneira adocicando o que, na realidade, não pode ser adocicado.

E com a maior desfaçatez querem impingir-nos um optimismo à força e uma esperança cega nas suas capacidades e soluções para todos os problemas de governo, esquecendo-se do tempo próximo passado em que nos mentiam sistematicamente…

E vão-se esquecendo também da pobreza que cerca de 2 milhões de portugueses já sentem na pele!…

Olvidam, igualmente, que a fome bateu à porta de milhares de famílias e que o desemprego e o trabalho precário e mal pago é uma realidade que brada aos céus!…

Ao mesmo tempo, a juntar a todo o despautério da governação, o nosso sistema, sustentado por leis geradoras de ambiguidades e repletas de alçapões, vão contribuindo também para a proliferação das fraudes e das corrupções que agravam o fosso em que nos lançaram….

E o povo enganado vai sofrendo, gemendo e abafando gritos de desespero e de impotente revolta, pois até já perdeu a confiança nas instituições que deveriam ser o esteio e a defesa das suas necessidades e dos seus direitos…

Enfim, sente-se, hoje, que por um lado, Portugal foi delapidado e pelo outro emergiram fortunas fabulosas usufruídas por uns tantos, enquanto que a penúria se estende em círculos cada vez mais alargados por todo o país!…

Nestas circunstâncias apetece-nos perguntar: por onde anda a honradez de tantos políticos de antanho? Por onde anda o genuíno interesse pela "coisa pública", em prejuízo até do bem pessoal?!…

A mediocridade instalou-se porque os que nos deveriam governar, os verdadeiramente competentes e sábios foram relegados e votados ao ostracismo por conveniência dos vários aparelhos do sistema.

Por isso é urgente gritar: já basta, é preciso dizer não a todos os que lançaram Portugal para este estado agónico em que se encontra, antes que morra de vez.

Joaquim Mendes Marques

O autor deste artigo não o escreveu ao abrigo do novo Acordo Ortográfico