Chamados e apresentados no decurso da Eucaristia de encerramento da Jornada da Igreja Diocesana, em Silves, as missionárias foram ainda enviadas, em nome da Diocese do Algarve, no final da celebração.
“Este chamamento, esta resposta e este envio ajuda-nos a entender qual a missão da Igreja e nela a ação do Espírito Santo. Ajuda-nos a celebrar, de maneira mais plena, o dia de Pentecostes e o dia da Igreja Diocesana”, afirmou D. Manuel Quintas que à tarde, em declarações à comunicação social, considerara a “dimensão missionária” da Igreja como “expressão da sua maturidade na fé”.
O prelado manifestou ainda a existência de uma crescente consciência missionária na Igreja algarvia. “Há tantos jovens que, na nossa diocese, se vão interrogando sobre a possibilidade de fazer uma experiência destas. Seria muito bom que, na nossa Igreja, surgisse ainda mais gente”, disse.
Ana Poupino e Miguel Abrunhosa, ambos de Lagos, respetivamente formados nas áreas da assistência social e de recursos humanos, são os reincidentes do grupo. Realizaram a sua primeira missão no verão de 2010, em Nhaconjo, Moçambique, iniciando na altura um projeto de angariação de fundos para a construção de um centro de moagem de cereais – Boluka Kua Zua –, no qual continuam empenhados. Desta vez irão em outubro para Angola, durante um mês, acompanhados por Petronela Claes, de Paderne, formada em medicina alternativa, que ficará por seis meses. Na localidade de Dala, na província da Luanda-Sul, irão trabalhar em escolas e centros de saúde.
Os três irão substituir a Lúcia Guerreiro, de Quelfes, professora de EMRC – Educação Moral e Religiosa Católica, que rumará a Angola logo em setembro, regressando no mês seguinte.
Sofia Gonçalves, de Quarteira, e Julieta Lemos, de Odiáxere, respetivamente formadas em psicologia e arquitetura, seguirão para Moçambique em agosto, durante um mês, estando ainda por definir se irão para a mesma missão da Ana Poupino e do Miguel Abrunhosa ou se para Maputo.
Os estreantes garantem todos que fazer uma experiência deste tipo era desejo antigo. “Sempre tive o sonho de um dia poder ir em missão. É um desejo enorme poder estar com aquelas pessoas para pôr ao serviço algo que eu possa dar”, testemunhou Sofia Gonçalves aos jornalistas, garantindo que gostaria de prolongar a missão, o que “por motivos profissionais não é possível”.
Também Julieta Lemos diz ao FOLHA DO DOMINGO ir “preparada para tudo” para “realizar um sonho antigo” que “chegou a altura de cumprir”. “Já há muitos anos que gostava de fazer voluntariado. Um dia encontrei a Ana e ela falou-me do projeto Boluka Kua Zua”, lembra a missionária.
Petronela Claes, holandesa, veio há muitos anos da Bélgica para viver em Portugal. “Quando tinha seis anos frequentei uma escola de irmãs que tinham missionárias no Congo e surgiu-me a ideia de ir para lá mas nunca consegui concretizar. Através de uma amiga da minha filha, que esteve seis meses em Moçambique, consegui o contato das irmãs Franciscanas Missionárias de Maria e fui aceite no grupo”, testemunha, garantindo estar disponível para tudo. “Não sei o que vou encontrar mas espero conseguir fazer e aprender alguma coisa”, afirmou.
Lúcia Guerreiro explica que “a ideia surgiu há dois anos”. “A minha vivência de Igreja e também os testemunhos de outros fizeram com que esta vontade despertasse há já algum tempo”, reconhece, acrescentando não ir com espectativas.
Sofia Gonçalves expressou ainda o significado de ser enviada pela diocese na celebração do Dia da Igreja Diocesana. “É uma grande responsabilidade porque não vou em meu nome mas em nome da Igreja”, referiu. D. Manuel Quintas manifestou o apoio da Igreja algarvia. “Gostaria que vos sentísseis acompanhados pela Igreja do Algarve e que nos transmitísseis tudo, a nós, numa primeira oportunidade”, afirmou o bispo do Algarve que entregou uma pequena cruz a cada uma.
O grupo de missionários frequentou formações da FEC – Fundação Fé e Cooperação em vários pontos do país e realizaram, ao longo de cerca de um ano, uma preparação mensal com a comunidade de Odiáxere das FMM.
Samuel Mendonça