O festival internacional de artes performativas Lavrar o Mar vai levar durante 10 dias às vilas algarvias de Aljezur e de Monchique um programa cultural intenso que cruza o teatro, a música e passeios artísticos.

O evento, que arranca amanhã e se prolonga até 28 de maio, vai apresentar-se em locais como o castelo de Aljezur, em destilarias de medronho e até numa antiga serração de Monchique, contando com várias propostas artísticas nascidas do contacto entre artistas internacionais e locais.

“É um programa de artes do espetáculo com grande ênfase sobre a criação contemporânea, mas existe uma ligação intensa e direta com a cultura local”, explicou à Lusa uma das responsáveis pelo evento, Madalena Victorino.

“Medronho” é uma das propostas para os dias 19 e 21 de maio que convida à descoberta dos rituais da destilação do medronho e que resultou de uma residência artística entre destiladores e os escritores Afonso Cruz e Sandro William Junqueira.

O trabalho é um espetáculo itinerante que dá a conhecer e a provar o fruto e a bebida, típicos do Algarve, durante uma visita a várias destilarias da serra de Monchique.

Nos dias 20 e 27 de maio, a companhia francesa CARABOSSE apresenta uma instalação de fogo com a qual vai iluminar o castelo de Aljezur e convida o público a entrar num ambiente diferente com passeios debaixo de arcos de fogo, por nuvens leves de cinzas, faíscas e cortinas incandescentes acompanhadas por paisagens sonoras.

Ao descer o monte do castelo, no largo do Mercado Municipal, o público é convidado para o concerto de Sofiane Saidi & Mazalda que convidam a mergulhar no rock raï dos anos 1980 onde não faltarão os sintetizadores, o groove psicadélico, ritmos senegaleses e o transe de gnawa.

Madalena Victorino contou que o festival nasceu da vontade de levar a Monchique e a Aljezur mais iniciativas culturais complementares à oferta cultural já existente.

“Pareceu-nos interessante fazer algo cultural e artístico que pudesse trazer um cruzamento entre o que aqui está e a criação contemporânea a partir das linguagens das artes do espetáculo e fazer isso não só com artistas que viessem de fora mas também com muitos artistas que nós conhecíamos aqui e os que estamos a descobrir”, referiu aquela responsável.

Uma visão que acaba por ser refletida em vários projetos incluídos no programa do festival como é o caso do passeio noturno e espetáculo de teatro físico e de música ao vivo “Rastilho” que conta com a participação de 22 artistas locais e vai ser apresentando no Serominheiro – Corte do Sobro, em Aljezur nos dias 19 e 21.

O programa inclui ainda o teatro de marionetas com a peça Soleil Couchant apresentado pela companhia belga Tof Théâtre nos dias 26, 27 e 28 de maio, em Aljezur e em Monchique.

No mesmo fim de semana, a companhia belga Claudio Stellato apresenta um espetáculo de novo circo, em Monchique.

O festival é o culminar do projeto Lavrar o Mar que procurou desde novembro levar à serra do barlavento e à costa vicentina um conjunto de propostas culturais, durante a época baixa turística, incentivando o encontro entre artistas, as populações e os turistas.

O projeto foi financiado pelo programa «365 Algarve» e pelas Câmaras Municipais de Aljezur e de Monchique e Madalena Victorino admitiu que deixou a vontade de continuar.