O presidente da comissão política concelhia do PS de Olhão demitiu-se do cargo em desacordo com a decisão das estruturas distrital e nacional do partido de aprovar a recandidatura do atual presidente da Câmara nas próximas autárquicas.
A estrutural local socialista de Olhão fez o anúncio da demissão de Luciano Jesus num comunicado em que reage à “avocação do processo autárquico pela Federação Regional do PS” e à escolha do presidente da Câmara de Olhão, António Miguel Pina, para voltar a encabeçar a lista do partido nas próximas eleições autárquicas, aspirando a um segundo mandato.
A estrutura distrital seguiu a determinação da comissão política nacional de que os atuais presidentes de Câmara em exercício e em condições legais de se recandidatarem eram os que em melhores condições estavam para conseguir dar ao PS uma vitória nas autárquicas de 01 de outubro, sem ter em conta a decisão da concelhia de Olhão de rejeitar António Miguel Pina como candidato à presidência do município.
“Na sequência da decisão de Luciano de Jesus, a Presidência da Comissão Política do PS de Olhão foi estatutariamente assumida por Esmeralda Ramires, que reiterou a legitimidade e legalidade que advêm dos estatutos do PS para que o órgão a que ora preside conduza o processo autárquico”, pode ler-se no comunicado da concelhia.
A mesma fonte refere que “Esmeralda Ramires aguarda assim que a estrutura regional compreenda que, para o PS de Olhão e para os seus militantes, acima de tudo, estão os interesses do partido e de Olhão”.
A concelhia de Olhão lamentou também não ter sido ouvida pela comissão técnica que a Federação do Algarve criou para, em face da falta de acordo entre as partes, encontrar a melhor solução para a escolha de candidatos para as listas socialistas no concelho.
Foi “em função de todo este processo” e “invocando ‘falta de respeito e enxovalho’ político” que o presidente da concelhia, Luciano Jesus, apresentou a sua demissão do cargo e a sua desvinculação do PS, justificou a concelhia.
Luciano Jesus também disse, numa carta aberta aos militantes divulgada pela concelhia, que cessa funções “43 anos após o 25 de Abril” e perante “as práticas antidemocráticas dos atuais representantes do PS nacional e regional” que “transformaram as estruturas locais em meras repartições administrativas, úteis na prossecução dos fins por eles determinados, mas inconvenientes na hora de tomar decisões”.
O PS/Algarve justificou a escolha do atual presidente da Câmara como candidato alegando que, ao reprovar o nome de António Miguel Pina “sem invocar qualquer facto ou fundamentação para a decisão tomada”, a concelhia de Olhão “violou o princípio” de que os presidentes em exercício deveriam ser os “candidatos naturais” nas próximas autárquicas, conforme decidido no congresso nacional do partido, em outubro.
A estrutura distrital do PS considerou que a deliberação da concelhia “põe em causa” a possibilidade de o PS “ver renovada a confiança” por parte dos munícipes de Olhão, num contexto em que a reeleição do atual presidente “tem uma importância supra concelhia” e o seu resultado “relevância regional”, podendo ser “decisivo para [o PS] garantir a continuidade da presidência” da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL).