
O bispo do Algarve considerou ontem, no primeiro dia da Quaresma, que a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa “adquiriria um ritmo mais eficaz e mais fecundo se incluísse opções concretas, assumidas não apenas a título pessoal”, “mas também familiar” “e das próprias paróquias”.

D. Manuel Quintas já o tinha escrito na sua mensagem quaresmal deste ano e voltou a repeti-lo ontem à noite, na missa de Quarta-feira de Cinzas a que presidiu na Sé de Faro.

O prelado reconheceu, não obstante, que durante a Quaresma “se intensifica muito mais em toda a diocese – numas paróquias mais do que noutras, conforme a sua capacidade e o seu dinamismo” – a intenção de “assumir tempos concretos de oração, de reconciliação, de partilha fraterna, de aprofundamento da Palavra de Deus”.

“E é importante que tudo isto passe também para o ambiente familiar”, acrescentou, lembrando que “o amor vivido nas famílias é uma força permanente para a vida da Igreja”. Neste sentido, enumerou “alguns frutos que tornam única e insubstituível a resposta à vocação da família, tanto para a Igreja como para a sociedade inteira”. “Interroguemo-nos de que modo cada membro da família pode contribuir para o cultivo, a maturação e a partilha destes frutos. É importante que a família, enquanto tal, se interrogue sobre isto e se ajude mutuamente a aquecer, a fortalecer e a não permitir que o amor se resfrie”, afirmou, lembrando que “a Quaresma é também tempo para isso”.

Por outro lado, disse ser importante perceber “de que modo cada comunidade cristã está a apoiar as famílias e cada um dos seus membros na realização da sua vocação e missão”, “está aberta e decidida a acolher, acompanhar, discernir e integrar a fragilidade das famílias”, “como é cultivado o espírito de compreensão e de acolhimento” e como cada uma “se torna instrumento da misericórdia de Deus”.

O bispo do Algarve, que fez referência à mensagem quaresmal do papa Francisco, na qual é abordado o perigo do “resfriamento do amor”, alertou ainda que este pode ser medido nas comunidades paroquiais em relação ao modo como se corresponde ao programa pastoral da diocese. “É importante que – seja a nível pessoal, seja a nível das paróquias – nos interroguemos que espaço é que nós damos para a realização das propostas que este programa nos faz”, considerou.

D. Manuel Quintas deixou ainda a certeza da sua oração nesta Quaresma pela Igreja diocesana e cada um dos seus membros, para que a nível pessoal, familiar e eclesial percorram “unidos” este caminho de conversão quaresmal, “daí resultando, certamente, uma Igreja diocesana mais fraterna e mais missionária”.

A celebração de ontem contou com a bênção e o rito penitencial de imposição das cinzas aos presentes. Tanto na Bíblia como na prática da Igreja, impor as cinzas sobre a cabeça é sinal de humildade e penitência. A sua imposição lembra aos fiéis a origem do homem – “recorda-te que és pó e ao pó hás de voltar” – e pretende simbolizar a renovação do compromisso de seguir Jesus, fazendo morrer o “homem velho”, ligado ao pecado, para fazer nascer o “homem novo”, transformado pela graça de Deus. Por isso, ao colocar uma pequena porção de cinzas sobre a cabeça, o ministro ordenado pronuncia a frase “arrependei-vos e acreditai no Evangelho”.

A Quaresma é um período de 40 dias (excetuando os domingos), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos.
