
Teve anteontem início no Algarve o périplo de apresentações do livro “Nós, os padres – 11 padres confessam-se” pelas paróquias dos 11 sacerdotes que participaram na publicação com chancela da Alêtheia Editores.

Na quinta-feira à noite, a apresentação decorreu nas paróquias de Tavira de que é pároco o padre Miguel Neto, sacerdote algarvio e um dos escolhidos para responder ao questionário proposto pela editora que deu origem ao livro, cujo lançamento se realizou no dia 27 do mês passado em Lisboa.

Na apresentação, que decorreu na igreja de Santo António, a editora assegurou que “foi muito difícil escolher” os padres para realizar o livro. “Procurou-se um grupo de várias zonas do país que pudesse traduzir aquilo que é a própria variedade e diversidade da Igreja, com várias nuances e características diferentes”, explicou Zita Seabra, observando que os eleitos, muito jovens, têm uma característica comum. “Gostam de ser padres e são padres convictamente todos eles”, concretizou, garantindo que “esse foi um critério escolhido” porque “a maioria das pessoas acha que os padres são infelizes”.

A diretora da Alêtheia Editores disse ainda que a publicação surgiu na sequência de uma outra sobre religiosas de clausura e que procura igualmente perceber o que é que leva jovens “que podiam ser qualquer outra coisa na vida” a enveredar pela vida consagrada. Zita Seabra contou que muitos tinham profissões, como médicos ou jornalistas, “podiam ter casado, ter filhos” e “abandonaram tudo e são padres”. A editora considerou que a publicação, que procura “transmitir essa sensação de que são pessoas que dedicaram a sua vida a Deus”, dá a “conhecer uma série de padres que dá muito gosto saber que são pastores da Igreja e com quem dá muito prazer falar e estar”.

A editora disse também que as perguntas foram formuladas para obter a “a noção exata do que é ser padre” e reconhece que para os entrevistados “responder foi difícil e duro”. “Não quisemos fugir a questões do seu ministério que são importantes e desafiámos a que explicassem o porquê das opções que fazem no seu próprio ministério”, sustentou, acrescentando que “foi um prazer convidar o padre Miguel e ler as suas respostas”.
Zita Seabra disse estar “muito contente com o livro” que “está a fazer o seu caminho”. “Já está à venda nas principais livrarias do país”, anunciou, considerando “importante” que o livro “seja lido também por pessoas que não vão à missa ou à Igreja”.


O padre Gonçalo Portocarrero de Almada, que apresentou a obra, disse que ela procura “um equilíbrio” de “não cair no preconceito” nem em “intuitos laudatórios”. O sacerdote diz que a publicação não é “uma distinção dos melhores, dos mais famosos, dos mais conhecidos, dos mais brilhantes, dos mais intelectuais, dos mais pastorais”. “Isso seria uma perspetiva que já estaria um pouco inquinada desde o princípio. A ideia foi mostrar o que são os padres na sua generosidade e, por isso, esta amostra é tão universal, desde o ponto de vista geográfico, mas também no sentido de que há vários carismas”, afirmou, lembrando que participaram no livro padres diocesanos, mas também religiosos.

Os sacerdotes interrogados têm entre os 28 e os 76 anos, diversas proveniências sociais e eclesiais e são do patriarcado de Lisboa e das dioceses do Algarve, Coimbra e Lamego, em representação do sul, centro e norte do país, respetivamente. Constam também testemunhos de outros sacerdotes seculares, como um presbítero do Caminho Neocatecumenal e um padre da prelatura do Opus Dei. Os restantes são religiosos: dois jesuítas, um frade dominicano e um missionário claretiano.

“Este livro é esse convite a olhar para os padres. E daí também a pertinência de algumas perguntas um pouco mais impertinentes para que a imagem que este livro proporciona seja tanto quanto possível ajustada à realidade. E nós precisamos disso. Para nos podermos amar e estimar precisamos de nos ouvir e compreender”, prosseguiu o padre Gonçalo Portocarrero de Almada, considerando que o livro procura dos seus participantes “abrir um pouco da sua vida, daquilo que são os seus sentimentos para que o povo fiel possa também conhecer melhor os seus pastores e, conhecendo-os, melhor os possa ajudar mais também”. “Se o padre é pai que seja também membro da nossa família, alguém que nos é chegado, próximo, alguém por quem tenhamos também uma proximidade afetiva”, acrescentou, pedindo aos católicos “que compreendam antes de julgar ou de criticar”. “Amem os vossos padres, rezem por eles”, pediu.

O sacerdote algarvio que participou na publicação que tem prefácio assinado pelo bispo de Lamego, D. António Couto, disse que “não é o padre Miguel que interessa neste livro”, mas “perceber a história de 11 pessoas que, por acaso, são padres e perceber que Deus interfere na vida delas de maneira diferente, mas com um objetivo comum”.