JORGE MANUEL NEVES CARREGA é um jovem farense (nasceu em 1974), de formação académica que vem historiando um dos mais antigos monumentos religiosos da cidade de Faro, a ermida de Santo António, erguida na velha atalaia, vigia de defesa da cidade, para quem entrasse pelo oceano, através da Ria.

No prefácio, o padre Joaquim Nunes escreve: No Alto da cidade de Faro ergue-se a ermida de Santo António. Pela situação é permanente sentinela da vida da cidade.

Nunca serão demais os contributos que a gente nova venha acrescentar, quantas vezes com mais valia, à história local. Faro é a cidade do Algarve que herdou o mais singular património da história religiosa ou civil. A cidade e seus cidadãos responsáveis têm tido essa atitude, mais acrescida, nesta nova vaga de Faro se constituir, no último quartel do século XX, como cidade universitária.

O estudo de Jorge Carrega, Licenciado em Estudos Portugueses (ramo de investigação científica) e Mestre em Literatura pela Universidade do Algarve, é sintetizado em quatro partes distintas: A Época e o Contexto, A Capela Manuelina de Santo António do Alto, O Retábulo Barroco de Santo António do Alto, Os Altares Laterais e Outros Elementos Decorativos da Ermida de Santo António do Alto.

Reparámos que o estudioso refere o espaço geográfico, sempre de Alto.

A cidade nasceu numa cota muito baixa ao nível Atlântico. O Alto de Santo António herdou, a antiga atalaia árabe (at-talai’a), aí edificando-se em honra do doutor sagrado e Santo português, António, nascido em Lisboa, no século XII.

O livro, "A Ermida de Santo António do Alto – No Antigo Termo de Faro", faz um percurso de séculos, desde a sua construção, de rústica ermida, de protecção e vigia à cidade, passando por ciclos de transformações, mediante as correntes da arquitectura ao poder económico da cidade, em que o Povo foi sempre o grande mecenas deste singelo templo, como de outros pela cidade de mareantes, de ofícios, de comerciantes, de bispos, entre outras gentes… O Mestre Jorge Carrega explica-se pelo interesse do seu trabalho: Numa sociedade globalizada, em que gostos e costumes parecem cada vez mais padronizados, a defesa do património histórico é um factor essencial na defesa da identidade histórica e cultural dos povos (…) para melhor protegermos o nosso património histórico e cultural, é preciso conhecê-lo. E nesse interesse responsável vem o autor muito solícito abrindo-nos as portas à antiga igreja do Alto, despertando-nos conhecimentos, pelo seu, em todos os sentidos, em todos os contextos dos tempos, em todas as mudan-ças artísticas que o monumento se tem metamorfoseado culturalmente. E a azulejaria, a imaginária, os trabalhos em massas, as abóbadas quinhentistas, os retábulos exigidos pelo reformatório do Concílio do Trento. Toda uma transformação em movimento que a igreja e o tempo ou as catástrofes obrigaram às transformações. A imagem setecentista de Santo António no seu esplendor barroco, que veio substituir a do século anterior, em que ambas se expõem em espaços distintos; o retábulo da capela-mor, considerada última obra-prima do escultor farense, Manuel Martins (século XVIII), é já um motivo de admiração pelo grande mestre da arte sacra portuguesa. O jovem estudioso e meritoso termina a sua tese num apelo consistente e nunca de mais repetido: (…) Porque, um povo sem memória é um povo sem futuro… Deixo aqui o meu modesto contributo, para que não se apague da memória uma parte da história da minha terra.