O Setor da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve está a promover uma formação pedagógica inicial para os catequistas que tem como objetivo que eles percebam que o sucesso da sua missão passa não tanto pelo que comunicam com palavras, mas pelo que transmitem por viverem transformados pelo encontro com Jesus.

“Na missão do catequista é preciso que eu me descubra como encontrado pelo Senhor”, afirmou o diretor do Secretariado da Catequese da Diocese do Algarve na sessão para a ‘Sensibilização para a Pedagogia Catequética e a Missão do Catequista’ que teve lugar ontem de manhã na igreja paroquial das Ferreiras para os catequistas da região centro com a presença de 31 participantes oriundos das paróquias de Albufeira, Algoz, Almancil, Boliqueime, Ferreiras, Guia, Messines, Paderne e Quarteira.

“Ninguém testemunhará que Jesus mudou a sua vida se este testemunho não acontecer com a beleza e com o encanto de uma vida realmente convertida e mudada”, alertou o padre Pedro Manuel, considerando que só será possível o catequista “ser guia do caminho se ele próprio tiver experiência pessoal de encontro com Ele e conhecer o caminho a percorrer”.

“O nosso encontro tem então este objetivo: perceber que a minha missão de catequista tanto mais será melhor quanto mais me deixar mudar por Ele e que essa conversão interior, que acontece no meu coração, tanto mais será melhor quanto mais eu souber, pedagogicamente, transmiti-la”, prosseguiu.

O sacerdote acrescentou que “falar da renovação na catequese, da missão do catequista e da pedagogia a utilizar passa necessariamente por uma renovação da metodologia catequética”. “É preciso que a catequese se renove a partir do principal objetivo: o encontro pessoal com Jesus Cristo”, realçou, acrescentando: “Estamos a viver um tempo novo e um tempo novo requer uma pedagogia nova”.

Não obstante as dificuldades presentes que o levaram a considerar que a missão do catequista é hoje “mais difícil” do que noutros anos, aquele responsável considerou “que estes tempos novos continuam a ser os melhores” para que aqueles que são confiados às catequeses paroquiais “possam fazer uma síntese para se encontrarem com o Senhor”. “A experiência de catequese tem de ser esse testemunho profundo em que a gente já não acredita só pelo testemunho que ouve, mas acredita, sobretudo, por aquilo que vê”, reforçou.
“Para que exista o encontro com o Senhor, e aí aconteça a missão do catequista, é preciso que o ambiente não seja criado apenas por fora, mas sobretudo por dentro. E este encontro com o Senhor é não só uma urgência, como uma oportunidade. Precisamos de levar aqueles que chegam a nós a uma experiência profunda, porque caso contrário nunca a terão porque o mundo de hoje não lhes proporciona”, alertou, desafiando a “dar profundamente para os outros um testemunho tão grande que faça com que os outros digam: «eu já não estou por Jesus porque alguém me disse. Estou com Jesus porque eu quero»”. “Acho que é isto que, às vezes, nos falta. O nosso encontro com uma pessoa que muda radicalmente a nossa vida e nos convida para ser como essa pessoa é o encontro com Jesus”, prosseguiu, desafiando aqueles educadores a “privilegiar sempre este encontro”.

“Todo o encontro de catequese tem de ser encontro com Jesus”, vincou, acrescentando: “para que a catequese seja um encontro, os primeiros que temos de acreditar nisso somos nós. Para que a Eucaristia seja uma festa da comunidade, os primeiros que têm de estar na comunidade somos nós porque dificilmente poderemos exigir aos miúdos – e sobretudo aos adolescentes – que estejam, se não formos os primeiros a dar o exemplo”.
O sacerdote defendeu ser “na vivência da fé que nasce da palavra e se celebra na comunidade que os catequizandos fazem o encontro com Jesus”. “Eucaristia, comunidade e catequese. Poderíamos quase dizer que temos aqui a receita para que o encontro aconteça e para que seja alegre”, acrescentou, pedindo que se valorizem os “espaços de encontro” que habitualmente já existem na Igreja, “sobretudo, a catequese e a Eucaristia”.

Lembrando que “o mediador por excelência é o catequista”, o diretor do Secretariado da Catequese da Diocese do Algarve constatou ainda que “a família assume um papel importante na mediação do encontro das crianças e dos jovens com Cristo”. “É, por isso, necessário e urgente promover algum tipo de diálogo entre a catequese e a família e fazer da família presença ativa na vida da catequese e, consequentemente, na vida da comunidade”, defendeu, considerando “que no Algarve se está um bocadinho à frente na reflexão e também na execução relativamente a outras zonas do país, sobretudo no que se refere a essa questão da família”. O formador considerou ainda que as aulas de Educação Moral e Religiosa Católica e o escutismo são dimensões que ajudam a que a catequese seja “melhor vivida e melhor acompanhada”. “Se, em Igreja, descobrirmos a força de trabalhar em conjunto para o mesmo objetivo, então estou convencido de que conseguimos”, acrescentou.
O sacerdote explicou ainda que aquela formação inicial à pedagogia catequética surgiu por indicação próprios catequistas. “Os responsáveis das antigas vigararias pediram que antes do curso ‘Ser Catequista’ houvesse alguma iniciação pedagógica porque parece que aquele curso começa a partir de uma certa pedagogia que se subentende”, justificou.

O padre Pedro Manuel lembrou que a encíclica do Papa Bento XVI ‘Deus caritas est’ “está na origem do que será o plano do novo itinerário de catequese”. “Aponta para uma catequese que não se centra na transmissão de conhecimentos ou de doutrina, mas sobretudo no modelo de inspiração catecumenal, onde eu vou redescobrindo o meu batismo e onde o essencial da minha vida cristã não é se consigo fazer esta etapa ou aquela, mas é se consigo realmente ser um bom amigo e um bom testemunha de Jesus”.

Embora considere que “fazer catequese é totalmente diferente hoje do que era há alguns anos”, a coordenadora do Setor Diocesano da Catequese da Infância e Adolescência (SDCIA) lembrou que “o objetivo da catequese sempre foi o encontro com Jesus Cristo, mesmo quando havia outras modalidades e a pedagogia era outra”. “A catequese não é para preparar para as festas. É para nos ajudar a encontrar Jesus Cristo e a viver n’Ele o sentido da nossa vida e com Ele prosseguirmos a nossa caminhada e alimentarmos a nossa fé”, completou a irmã Arminda Faustino.

“Através daquele catequizando estamos a abraçar muita gente que, pouco a pouco, se pode colocar também a caminho connosco”, afirmou naquele encontro que colocou também os catequistas em grupos a refletir sobre a catequese atual e os desafios para os catequistas de hoje. “Este encontro também tem esta finalidade: sensibilizar, mas também inquietar, ou seja, colocar-nos nesta atitude de busca permanente e, na nossa condição de peregrinos, continuarmos este caminho”, afirmou aquela religiosa que é também a diretora do Departamento Nacional da Catequese.
Esta formação promovida pelo SDCIA já foi realizada no dia 5 deste mês, no Centro Paroquial de Santo André na Penina, para os catequistas da região do barlavento e contou com a participação de 34 catequistas oriundos das paróquias de Aljezur, Alvor (incluindo das comunidades de Montes de Alvor e da Penina), Estômbar, matriz, Nossa Senhora do Amparo e do vicariato da Pedra Mourinha de Portimão e Silves. No próximo dia 10 de dezembro vai decorrer para os catequistas da região do sotavento no Centro Pastoral de Santa Luzia.
com Madalena Martinho