Cheguei à praça perto das 12h. O fumo negro acabara de dar o ar da sua graça… a praça quase esvaziou e o sol fazia-se sentir. Realmente comecei a pensar que, inadvertidamente, poderia testemunhar uma nova página da história da Igreja que se escreveria a partir de 8 de maio de 2025.
O ambiente na praça era alegre e também orante. Muita gente estava ali em contexto de profunda comunhão com Deus e com a Igreja que estava a ponto de eleger um novo sucessor de Pedro pela mão dos cardeais e por ação do Espírito Santo.
A partir das 15h a praça começou a encher ao ponto de não nos conseguirmos deslocar para direção alguma. Muita gente chegava e começava a cantar, a rezar e a pedir que a eleição acontecesse.
Aos pouco íamos comentando uns com os outros (como se nos conhecêssemos) a duração dos últimos conclaves… os nomes que mais se repetiam e até a segurança relativamente a alguns nomes… “Se a eleição for hoje, seguramente é o cardeal tal… ou o tal…”. Não foi nenhum dos que os entendidos diziam… foi aquele que Deus quis.
Uma certa apoteose em torno de uma gaivota bebé que foi colocar o seu voto junto do dos seus pais na mais famosa chaminé do mundo centrou-nos novamente na expectativa do fumo… passaram as 17h30m… talvez não houvesse Papa hoje (ontem)…
Quando o fumo se tornou branco e os sinos tocaram, os milhares na praça vibraram em apoteose. A Igreja universal é isto… é católica… cabemos todos! Todos nos manifestámos em festa porque seguimos Jesus que pediu a Pedro que O seguisse.
Não importou nada saber, no imediato, que Pedro é que era… sabíamos que era Pedro. O nome Robert Francis Prevost não era dos mais prováveis para o mundo, mas era o que estava no coração de Deus. Americano, Agostinho e anunciador de Paz desarmada e desarmante com espírito Pascal.
O anúncio do novo Papa e do seu nome foi alvo de uma manifestação indescritível. O eleito é um cidadão do mundo, o nome é um compromisso com a tradição (Leão Magno, Leão XIII), mas sobretudo o nome é missão: – levar o evangelho a todo o mundo como os apóstolos.
Leão XIV quer caminhar em conjunto com todos os discípulos de Cristo, construindo pontes e a unidade na Igreja! Assim Deus o ajude. Diante de um Papa que sabe emocionar-se é fácil rezar a humanidade porque ontem os seus olhos falaram da verdade que o seu coração transmitiu num compromisso pleno com o mundo. Ontem, eu e tantos na praça e muitos outros em casa, seguramente quisemos gritar: conta connosco Santo Padre! Conta connosco Pedro!
Não posso deixar de ver em tudo isto o dedo de Deus. Chamou o Papa Francisco na manhã do segundo dia da oitava da Páscoa, escolhe o Papa Leão XIV no dia de Nossa Senhora da Pompeia (percebi ontem a importância deste dia para os italianos) e no dia do Bom Pastor, que é Jesus, a Igreja já celebra com o Seu vigário.
Por tudo isto, bendito seja Deus!