Um vídeo humilhante colocado no sítio da internet "YouTube", inscrições nas paredes da escola com frases como "Ana é puta", assédio sexual ou simplesmente ridicularizar um colega pela forma de falar ou vestir é considerado bullying, explicam os actores da Companhia de Teatro do Algarve ACTA, que até 19 de Fevereiro apresentam nas escolas algarvias o espectáculo "Bullying".

A peça, que está integrada no programa Teatro para a Educação, tem a particularidade de ser interactiva, permitindo aos alunos interpretarem o papel das vítimas mas também de "bullies" (agressores).

"É sobretudo uma tomada de consciência por parte dos alunos do que é o "bullying" e de que a violência escolar não é uma brincadeira", explicou à Lusa Elisabete Martins, uma dos quatro intérpretes da peça.

Abigail Santos, uma das estudantes que participaram na peça de teatro em Olhão, confessou à Lusa que já viu situações de bullying na escola e admite ela própria que poderá já ter sido uma "bullie", ao ter troçado, com o seu grupo de amigas, de uma colega.

Para a bela Abigail, de longos cabelos castanho-dourado, o "bullying é quando as pessoas tratam mal as outras e se acham superiores e quando as outras [as vítimas] não se revoltam, porque têm medo".

O estudante Leandro Reis admitiu que já foi alvo de uma tentativa de bullying na escola quando o "apanharam para lhe dar porrada por causa de conflitos", mas acrescenta que o não conseguiram porque alertou os pais e professores.

Segundo a actriz Elisabete Martins no final das apresentações dos espectáculos há estudantes que sentem necessidade de desabafar sobre as violências a que foram, ou estão, sujeitos. O facto de "serem postos de lado" e alvo de "gozo" são as principais queixas, revela a artista.

Ao longo da peça, os actores transmitem a ideia de que a violência contínua na escola pode levar à depressão ou até à morte das vítimas, mas que existem formas de travar a violência gratuita e sistemática.

"Enfrentar os bullies, dizendo-lhes claramente, desde o início, que não gosta disso", "agir com confiança não mostrando fraqueza" e "procurar ajuda junto de amigos, pais, professores e outros funcionários da escola são as sugestões dadas pelos actores para combater o fenómeno.

Os actores sugerem várias vezes aos estudantes que lutem contra o fenómeno sem recorrer a mais violência, mas utilizando o poder da palavra.

O jogo dramático é desenvolvido de forma a permitir aos alunos assumirem diferentes papéis como os de "bullie", professor, pai, auxiliar de acção educativa ou membro da comissão executiva ou polícia da Escola Segura.

O espectáculo foi encenado por Paulo Moreira, conta com a participação dos actores Elisabete Martins, Mário Spencer, Bruno Martins Tânia Silva e foi concebido para ser realizado junto da comunidade escolar para alunos maiores de 14 anos.

Esta quarta-feira, a ACTA viaja até à Escola Secundária Dr. Jorge Correia, em Tavira, e termina a semana actuando quinta-feira, na Escola EB23 das Naus, em Lagos, e sexta-feira na Escola EB23 Dr. João Eusébio em Moncarapacho.