«Para mim, esta etapa não significa um abrandamento daquilo que são as necessidades da diocese», afirmou D. Manuel Quintas, que celebra 24 anos de ordenação episcopal
O bispo do Algarve celebra hoje 24 anos de ordenação episcopal, poucos dias após ter completado 75 anos de idade, a 27 de agosto, e já escreveu a carta de resignação ao Papa, como determina o Direito Canónico, mostrando-se “totalmente disponível para continuar”.
“Eu digo na carta ao Papa que foram anos de muita intensidade pastoral, mas uma intensidade feliz. E isso deveu-se também ao facto de eu ter passado este tempo com o apoio do clero algarvio, o apoio dos consagrados, o apoio dos leigos, sem eles não teria sido possível ficar tanto tempo numa diocese”, disse D. Manuel Quintas, em entrevista à Agência Ecclesia.
O bispo do Algarve recorda que está há 24 anos nesta Igreja local, “quatro como bispo auxiliar e 20 como diocesano”, e, na carta de renúncia ao Papa Francisco referiu que está “totalmente disponível para continuar, se ele achar conveniente, o tempo que for necessário”, tendo em conta que “as forças já são menores”.
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Do meu ponto de vista foi positivo, não tanto pelas minhas qualidades, sobretudo mais pela generosidade do clero do Algarve, pela colaboração estreita, e também por um grande grupo de leigos que nós temos muito empenhados, conscientes da sua vocação, da sua missão, da sua participação na vida da Igreja. E para isto tem contribuído muito o Curso Básico de Teologia”.
D. Manuel Quintas escreveu a carta de renúncia ao Papa, enviada “via nunciatura”, no dia 27 de agosto, quando completou 75 anos, o limite de idade determinado pelo Direito Canónico para o exercício do ministério.
“Eu estou a olhar para o futuro ainda mais desprendido do que até aqui, com uma disponibilidade, em estado de prontidão, como dizem os militares, mas não é prontidão para ir para a frente, é prontidão para deixar e vir outro, disponibilidade, para aquilo que o Papa quiser”, aponta.
O entrevistado conta que passou o dia de aniversário em Fátima, que “fica a meio caminho” entre a sua aldeia natal Mazouco, em Freixo de Espada à Cinta, e Faro, para “um dia de recoleção pessoal”, onde repensou “um pouco a vida”, sobretudo, a etapa que começava, e para “enviar a carta para o Papa”.
Para D. Manuel Quintas, esta etapa “não significa um abrandamento daquilo que são as necessidades da diocese”, que tem um programa pastoral para o próximo triénio.
“Mesmo que eu já não possa apresentar aquele dinamismo que apresentava antes, todos sabemos isso, não é para diminuir, é para dar respostas às perguntas, aos problemas que a diocese vai pedindo cada ano”, realçou.
O bispo do Algarve recordou que, durante uma assembleia do Conselho Diocesano de Pastoral, surgiu a pergunta se o novo programa seria “só para um ano, mais de um ano, ou para três”, e sugeriu que fosse um programa para o triénio.
“A diocese deve pensar naquilo que é importante para a própria diocese, independentemente se nesse período o bispo vai mudar ou não: o bispo sai um, vem outro, a diocese continua e a vida continua. Claro que dará a sua marca, as suas orientações, depois de conhecer a realidade também dará o seu contributo, mas não vamos ficar num tipo de tempo sem nada, sem atividade, sem qualquer iniciativa, porque o bispo já fez 75 anos e já está na iminência de vir outro”, desenvolveu D. Manuel Quintas.
Neste sentido, o responsável diocesano sublinha que “a vida vai continuar, a diocese vai continuar a caminhar”, e destaca que o Jubileu 2024 “vai animar também nesse programa pastoral dos próximos anos”, e vão ‘alegres na esperança’, seguindo a exortação de São Paulo aos Romanos.
D. Manuel Quintas, que pertence à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), celebra 24 anos de ordenação episcopal, esta terça-feira; em 2000, foi nomeado bispo auxiliar do Algarve, por São João Paulo II.