O Renovamento Carismático Católico (RCC) tem vindo a promover, desde 31 de janeiro, uma corrente nacional de oração, 24 horas por dia, pelo fim da pandemia de covid-19, pelas suas vítimas e pelas famílias destas.

A iniciativa, que se estenderá até dia 14 deste mês, promovida pela Equipa de Serviço Nacional do RCC, tem vindo a ser assegurada pelos seus grupos de oração espalhados por todo o país. Na Diocese do Algarve, vários grupos têm assumido diversas horas da corrente orante. A paróquia de Silves assegurou 24 horas de adoração eucarística ininterrupta, entre quinta e sexta-feira, que foram transmitidas na rede social Facebook.

Em cada hora a comunidade orou por uma intenção particular, tendo rezado pelo infetados em casa, pelos hospitalizados, pelos doentes nas Unidades de Cuidados Intensivos, pelos falecidos, cientistas, médicos, enfermeiros, técnicos de saúde, voluntários, auxiliares, idosos em lares, famílias, governantes, ministros ordenados, religiosos e consagrados, fiéis leigos, sem-abrigo, desempregados, prisioneiros, empresários e trabalhadores, pelos que passam fome, pelos bombeiros, forças de segurança, Forças Armadas e proteção civil.

Todos os dias, a oração desta cadeia nacional feita entre as 21h e 22h é transmitida em direto nas redes sociais da Conferência Nacional do movimento. No passado sábado, foi transmitida a partir de Quarteira e a adoração eucarística foi presidida pelo assistente do RCC no Algarve.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre Nelson Rodrigues desafiou todos aqueles que se associaram à transmissão, levada a cabo pelo Folha do Domingo com o apoio da Mais Algarve, a “ouvir Deus”. “Inclusive neste momento dramático que toda a humanidade atravessa, também Deus fala”, garantiu, advertindo ser “completamente errado, e até contrário ao evangelho”, afirmar que “foi Deus que enviou esta pandemia como castigo pelos pecados da humanidade”.

“A pandemia que atravessamos não é um castigo de Deus, não tem origem no Deus que amamos. Deus não é assim. Deus não age assim. Deus não nos fala com estes métodos”; afirmou, lembrando que “ainda assim não há nada no mundo que aconteça sem que Deus permita”. “Não sendo da vontade de Deus, vários apetos da nossa vida têm lugar apenas porque Deus permite. E se permite somos convidados a fazer uma leitura crente dos acontecimentos. E será que temos feito esta leitura crente também da pandemia?”, interrogou.

“Todos nós reconhecemos que o ser humano tem feito opções totalmente contrárias à vontade de Deus. Ainda assim, os tempos atuais não são um castigo divino”, sustentou o sacerdote, apontando algumas das falhas do ser humano. “Deus fez-nos seus cooperadores na obra da Criação, mas o que temos feito nós com o planeta? Deus concedeu-nos a vida e o que é que temos feito dela, com a minha própria vida? Reparem como jogamos fora a vida ainda antes de ela vir ao mundo ou como a descartamos quando a pessoa envelhece”, afirmou.

O assistente do RCC no Algarve considerou que “o egoísmo do ser humano é cada vez mais visível, não só nas leis que se vão aprovando, mas também nas opções” que toma a título particular e acrescentou ainda como exemplo a “corrida ilegítima” à vacinação de combate à covid-19.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre Nelson Rodrigues exortou então a que se procure “ouvir Deus”, rejeitando o “papel de juiz”. “Quando olhamos para a pandemia não perguntemos: «Senhor, o que é que estás a dizer ao mundo com tudo isto?». Façamos antes outra pergunta: «Senhor, o que é que estás a dizer à minha vida?» E desta pergunta surgirá um grande ardor para me esquecer de mim e me lembrar mais do meu irmão, daquele que o Senhor coloca na minha vida como prolongamento da sua presença”, afirmou, desafiando cada pessoa a seguir pelo “caminho do martírio da conversão pessoal”.

O sacerdote referiu-se ainda ao encontro marcado pela “tensão de amor” e “não de julgamento” entre a Igreja e o mundo. “O Espírito Santo é uma pessoa enviada pelo Pai e pelo Filho para ser nosso advogado porque Deus sabe que o encontro que a Igreja deverá estabelecer com o mundo será sempre um encontro marcado pela tensão e precisamos de um advogado. Não para provar a nossa inocência – porque estamos conscientes de que não estamos inocentes – mas apresentar sempre a justiça e o amor, daquele que é a nossa cabeça: Jesus Cristo. E, quando o encontro da Igreja com o mundo não for marcado pela tensão, das duas uma: ou o mundo aderiu todo a Jesus ou a Igreja se deixou corromper”, concluiu.

A oração prosseguirá nos próximos dias segundo a escala estabelecida com mais momentos transmitidos por via online.

O movimento tem, a nível nacional, mais de 500 grupos, com cerca de 30 mil pessoas que rezam semanalmente pela Igreja, pelo Papa e pelas paróquias. A Conferência Nacional do RCC tem personalidade jurídica canónica e personalidade jurídica civil, nos termos da Concordata, entre a Santa Sé e a República Portuguesa; para além das equipas diocesanas também fazem parte da conferência três comunidades – Emanuel, Canção Nova e Cristo Betânia.

O Renovamento Carismático Católico nasceu durante um retiro de estudantes da Universidade Duquesne de Pittsburgh (Pensilvânia – EUA), em 1967 e está hoje presente em mais de 200 países, com mais de 120 milhões de membros.