O líder socialista defendeu ontem à noite, num comício em Faro, que a educação tem que voltar a ser uma “paixão” em Portugal, recuperando a ideia usada por António Guterres em 1995, quando foi eleito primeiro-ministro.
“É hora de voltarmos a dizer, como dissemos há 20 anos, que a educação tem que ser de novo uma paixão deste país e é necessário investir na nossa educação”, declarou António Costa, defendendo que uma das grandes causas da próxima legislatura deve ser o combate ao insucesso e abandono escolar.
Durante um comício realizado no centro da capital algarvia, o secretário-geral do PS defendeu que o ensino pré-escolar deve ser alargado às crianças a partir dos três anos, porque quanto mais cedo as crianças iniciarem o seu período escolar, mais garantias haverá de maior sucesso escolar.
“Ao contrário do que este governo pensa, a escola não serve para selecionar os excelentes e excluir os demais, a escola serve para incluir todos”, referiu António Costa, acrescentando ainda que deve ser dada maior atenção nas escolas às crianças com Necessidades Educativas Especiais.
Por outro lado, defendeu, é necessário enriquecer os currículos, “não só repondo o inglês, mas apostando agora também no ensino artístico”, que classificou como “fundamental” para desenvolver a criatividade das crianças.
Durante o seu discurso, António Costa acusou o Governo de ter cortado na ciência, na cultura, no ensino superior e de ter mandado os jovens emigrarem, defendendo que é necessário “fiscalizar e punir quem abusa dos recibos verdes” como forma de combater a precariedade laboral.
Contou que, durante uma conversa que teve com vários jovens que tinham emigrado para diferentes pontos do mundo, verificou que apenas dois tinham saído do país por não terem arranjado ocupação em Portugal, já que a maioria apenas encontrou “estágios sobre estágios, recibos verdes sobre recibos verdes e contratos a prazo sobre contratos a prazo”.
Costa aproveitou também para criticar indiretamente Passos Coelho, sem o nomear, referindo que não chegou agora à política e que não veio “de atividades em empresas de objeto social obscuro”.
“Estou há muitos anos na vida política e sei que um político sério só há uma coisa que verdadeiramente acumula ou não ao longo da sua atividade política, que é a sua credibilidade, e esse é mesmo o meu único património”, observou.
Paulo Portas também foi um dos alvos de Costa, ao dizer que o líder dos parceiros de coligação tinha um “relogiozinho” que contava “os meses, as semanas, os dias, as horas, os minutos e os segundos para a saída da troika”, mas que quando chegou ao zero, “ficou tudo na mesma”, já que o Governo é “a verdadeira troika”.
António Costa aproveitou ainda para deixar um conselho “a quem pode ter a ilusão de que vai ganhar muito, confiando as suas poupanças à especulação financeira”, recordando o caso do Banco Espírito Santo e avisando as pessoas para pensarem bem onde colocam o seu dinheiro.
Para além do líder socialista, no comício discursaram os presidentes do PS/Faro, Luís Graça, e do PS/Algarve, António Eusébio, a presidente da Câmara de Portimão e mandatária da candidatura na região, Isilda Gomes, e o cabeça de lista pelo Algarve, José Apolinário.
Depois do debate com Passos Coelho e de um almoço em Odemira, no Alentejo, António Costa, deslocou-se ao Algarve, tendo passado por Loulé, onde foi recebido ao som de “Tia Anica de Loulé”, interpretada pelo Rancho Folclórico Infantil e Juvenil local, música que no final da ação de rua o inspirou para dar uns passos de dança, juntamente com os bailarinos do rancho.
O candidato a primeiro-ministro deslocou-se ao final da tarde àquela cidade cuja câmara é liderada pelo PS, percorrendo uma das suas principais artérias, onde se situam boa parte dos estabelecimentos comerciais da cidade, e aproveitando para contactar com transeuntes e comerciantes.
Durante uma curta declaração aos jornalistas, Costa disse ainda que tem recebido “bastante apoio” em todo o país, o que considera um “excelente sinal” do que pode acontecer no dia das eleições legislativas.
Afirmou ainda que mais importante do que o debate de hoje é que “depois das urnas abertas e dos votos contados” o PS tenha mais votos e ganhe as eleições.
Durante a arruada, Costa falou com várias pessoas, entre as quais Deolinda Gonçalves, de 58 anos, que lhe perguntou se, caso fosse eleito, iria devolver os subsídios de férias e os feriados. “Ele a mim disse-me que sim”, disse, logo depois, a funcionária pública à Lusa.
A comitiva de António Costa, que se movimentou ao som das palavras de ordem “Costa, amigo, Loulé está contigo”, era também encabeçada pelo presidente da Câmara de Loulé, Vítor Aleixo, e pelo cabeça de lista do PS pelo Algarve.
com Lusa