A atualização do clero das dioceses do sul do país arrancou esta tarde em Albufeira com a participação de 72 participantes, entre bispos, sacerdotes, diáconos e seminaristas das dioceses do Algarve (21), Beja (17), Évora (20) e Setúbal (14).

Sobre o tema “Igreja Sinodal, uma Igreja atenta aos Sinais dos Tempos”, o clero daquelas dioceses é chamado a refletir até quinta-feira não só sobre o Sínodo sobre a sinodalidade, mas também sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) deste ano em Lisboa e sobre o tema das vocações, uma vez que a Província Eclesiástica de Évora, da qual fazem parte as dioceses de Algarve, Beja e Évora, está empenhada num triénio vocacional entre 2021 e 2024.

Na sessão de abertura, o arcebispo de Évora destacou a retoma da participação presencial naquela atividade, depois de dois anos de pandemia em que se realizou por via digital. “A pandemia foi um treino para tempos novos que queremos que sejam novos tempos”, considerou D. Francisco Senra Coelho, garantindo que os membros do clero do sul do país querem estar aptos ao exercício daquilo que são as “realidades e as novas exigências” desses tempos.
Aquele responsável católico, que se referiu também à dimensão vocacional, desejou ainda que a JMJ possa ser não só um “caminho” e um “percurso”, mas signifique “crescimento”, “maturação e, ao mesmo tempo, um compromisso de uma renovação”.

Já o bispo do Algarve, D. Manuel Quintas, desejou que a abordagem ao Sínodo possa “avivar ainda mais” o percurso que a Igreja e as dioceses são chamadas a percorrer.
O bispo do Beja realçou que o caminho da Igreja desde o Concílio Vaticano II até hoje “está profundamente marcado pela sinodalidade”. “Espero que estas jornadas nos ajudem a compreender isso e a trabalhar isso na nossa maneira de ser Igreja”, afirmou D. João Marcos.
O administrador diocesano de Setúbal, padre José Lobato, lembrou que aquela diocese
está a preparar um sínodo diocesano porque vai fazer 50 anos em breve.
O representante da Universidade Pontifícia de Salamanca, que passou a integrar o Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE) que promove a atualização, apelou a que as reflexões que irão ser escutadas ao longo dos próximos dias possam ser colocadas em prática. “Exortava a todos a aproveitar estas jornadas não para pensar, mas para discernir em concreto a nossa atividade pastoral”, pediu o professor Francisco García.
Lembrando que apesar da pandemia, o ISTE não deixou de realizar a formação, aproveitando as “novas plataformas da comunicação”, o presidente do Conselho Diretivo regozijou-se com a “preferível” participação presencial da edição deste ano. “Desejamos que ela corresponda às vossas expetativas e às necessidades pastorais da Igreja universal, das nossas Igrejas e do mundo em que habitamos e onde devemos estar encarnados tal como é a vontade do Senhor Jesus”, afirmou o padre Manuel António do Rosário.
“Quisemos incluir três temáticas de inquestionável atualidade eclesial”, afirmou, considerando que “a sinodalidade não pode ser uma moda transitória como todas as modas, mas antes deverá implicar uma verdadeira mudança do paradigma eclesial”. “Com efeito urge retomar e aprofundar, com firmeza e clarividência, as linhas orientadoras do Concílio Vaticano II — o qual na constituição dogmática Lumen Gentium definiu a Igreja como mistério, povo de Deus e comunhão — ultrapassando esquemas e modelos superados e anquilosados que já não respondem aos anseios do homem de hoje na sua demanda de infinito”, prosseguiu, acrescentando que “a sinodalidade é, por isso, a forma de ser e viver como Igreja no século XXI”.

“A JMJ é outro acontecimento que nos deve mobilizar e constituir outra forte oportunidade de rejuvenescimento da Igreja”, continuou, desejando: “que a JMJ nos desperte, envolva e torne mais atentos às aspirações dos jovens, de modo a que possamos propor-lhes com autenticidade Cristo como aquele em que encontram resposta as principais inquietações do coração humano”.
O padre Manuel António concluiu, afirmando que o biénio vocacional tem como “grande objetivo” despertar para “problemática das vocações”. “Mormente as sacerdotais tão necessárias para a renovação dos nossos presbitérios e para o adequado acompanhamento das nossas Igrejas nas suas diversas realidades e especificidades”, especificou.

A formação teve então início com a reflexão do secretário-geral do Sínodo dos Bispos, o cardeal Mario Grech, sobre o tema “Sinodalidade, Comunhão. Desafio à Igreja, num Mundo complexo e fragmentado”. Amanhã, o cardeal maltez terá mais duas intervençõe