Os líderes algarvios do PS e da CDU admitiram ontem à Lusa que o novo mapa autárquico do distrito de Faro onde ambos os partidos ganharam dimensão revelam o descontentamento dos eleitores face ao Governo português.

Apesar de considerar que as “autárquicas são sempre eleições muito pessoais”, o presidente do PS Algarve, António Eusébio, admitiu que no “voto urbano tenha existido alguma demonstração de contestação às atuais políticas do Governo”.

À Lusa, Vasco Cardoso, coordenador da CDU Algarve, disse que os resultados eleitorais deram “uma derrota com grande significado por parte dos partidos que apoiam o Governo e que é inseparável da onda de descontentamento e protesto que tem atravessado o país”.

Em tom de balanço eleitoral, António Eusébio frisou uma vitória expressiva que o PS obteve em toda a região, tendo sido eleito para assumir a presidência de 10 das 16 câmaras municipais do distrito de Faro.

“Acrescentámos às sete câmaras que já tínhamos a de Lagoa, a de Alcoutim e a de Loulé onde tivemos uma vitória estrondosa que sabe muito bem e que faz com que tenhamos mais força para continuar a trabalhar”, referiu o líder do PS Algarve.

A recuperação da presidência da câmara de Silves e a eleição de vereadores em Vila Real de Santo António, Olhão, Faro, Portimão e Lagos veio reforçar a participação da CDU na vida política do distrito de Faro e é considerada por Vasco Cardoso como um reconhecimento do trabalho realizado pelo partido.

“É naturalmente uma grande responsabilidade que não nos assusta, sabemos o que ela representa e, tal como no passado, estaremos à altura de trabalho em prol do interesse das populações em defesa dos seus direitos e das suas condições de vida”, assegurou o coordenador da CDU Algarve.

O coordenador da CDU sublinhou que apesar das autárquicas terem “uma expressão local, revelaram também um significativo sentido de mudança” que espera que se mantenha futuramente.

O PS venceu no domingo as eleições autárquicas no Algarve, ficando com 10 das 16 câmaras da região e retirando ao PSD o estatuto de força mais votada, que a CDU também abalou com a conquista do município de Silves.

O PSD tinha ficado com nove das 16 autarquias algarvias em 2009 e hoje perde quase metade dos municípios, tendo sido derrotado em Loulé, Lagoa e Alcoutim, câmaras ganhas pelo PS, e em Silves, município onde a CDU alcançou a sua única vitória no Algarve e causou uma das surpresas da noite.