D_manuel_quintas2O bispo do Algarve adverte que “ninguém pode ser bom cristão se não viver a dimensão do serviço, como ninguém pode ser bom cristão se não for apóstolo, testemunha de Jesus; se não anunciar com a sua vida, palavras e gestos a pessoa de Jesus”.

Na missa vespertina da solenidade de Cristo Rei, celebrada no último sábado na paróquia de Pêra, D. Manuel Quintas explicou que a celebração deste título de Jesus “não significa poder”, mas “serviço, doação e entrega”. “Na Igreja, tudo aquilo que pode parecer poder é, acima de tudo, serviço. E é isso também que quer dizer o título que nós atribuímos a Cristo”, sustentou, acrescentando que Jesus “reinou servindo, dando a vida” e que o seu “gesto supremo de realeza e serviço foi na cruz”. “Ali, Ele dá-se totalmente, entrega a sua vida. Dá-se todo. E, portanto, é a plenitude da realeza porque é a plenitude do serviço”, complementou o prelado.

“É assim que nós somos reis também. Participamos da realeza de Cristo quando servimos e quando vivemos esta dimensão do nosso batismo, essencial na vida na Igreja”, acrescentou, sublinhando que “participar na realeza de Cristo passa por gestos de caridade, fraternos e solidários”. “Não podemos ser verdadeiros discípulos de Jesus se nos falta essa dimensão. Podemos praticar tudo e mais alguma coisa, até participar na missa todos os domingos, mas se nos falta esta dimensão da caridade, falta-nos um elemento fundamental”, advertiu.

“A Doutrina Social da Igreja e estes últimos papas disseram-nos que passa por aí a verdade da nossa fé e da nossa participação na eucaristia. Se estamos a participar na eucaristia, mas se depois, quando nos confrontamos com essas situações, as ignoramos totalmente, quer dizer que a nossa participação na celebração não é autêntica, nem verdadeira e que ainda temos de progredir um bocadinho mais. Não é que a eucaristia não seja verdadeira. Ela é verdadeira. Jesus está no pão e no vinho consagrado. A nossa participação na eucaristia é que ainda não é autêntica porque falta a comunhão com o irmão, falta o abraço ao irmão necessitado que nós recusamos, recusando-nos a ajudá-lo”, alertou, lembrando os gestos do Papa Francisco.

O bispo diocesano frisou que “a festa [de Cristo Rei] está nisto”. “É isso que a liturgia hoje nos pede. Sem isto corremos o risco de escutar na hora decisiva: «Não te conheço. Todas as vezes que não me conhecestes, não ajudastes cada um dos meus irmãos, ignoraste-me a mim. Por isso, eu também não te conheço»”, concluiu.