O bispo do Algarve destacou ontem, dia em que a Igreja assinalou a celebração do domingo da Palavra de Deus, instituído pelo Papa Francisco em 2019, “o contributo precioso e insubstituível que muitos leigos, inclusive e sobretudo mulheres, prestam à vida e à missão da Igreja.
“A principal razão que motiva esta minha referência prende-se com o facto de o Papa Francisco ter escolhido este Domingo da Palavra para instituir pela primeira vez leigos e leigas, provenientes de diferentes regiões do mundo, nos ministérios de leitor e acólito, de forma e estável e institucionalizada com um mandato específico. O mesmo acontecendo em relação ao ministério do catequista”, justificou D. Manuel Quintas na homilia da missa de ordenação de dois novos sacerdotes para a diocese algarvia, a que presidiu ontem à tarde.
“Esta decisão que obrigou inclusive a adaptação da legislação canónica, proporciona a todos os leigos a possibilidade de acesso ao ministério do acolitado e do leitorado, em virtude da sua participação no sacerdócio comum dos fiéis, salientando a consciência da dignidade baptismal”, prosseguiu.
O Papa presidiu ontem no Vaticano à Missa do Domingo da Palavra, numa celebração em que, pela primeira vez, instituiu no ministério de leitor e de catequista sete leigos e nove leigas católicas, de quatro continentes. O ministério de catequista foi criado por Francisco em maio de 2021, meses depois de ter estabelecido que as mulheres tivessem acesso aos ministérios de Leitor e Acólito.
Os leitores e catequistas foram instituídos com um rito próprio, após a homilia, recebendo, respetivamente, uma Bíblia e uma reprodução da cruz pastoral usada primeiro por São Paulo VI e mais tarde por São João Paulo II. Os novos ministros chegaram do Coreia do Sul, Paquistão, Gana, Itália, Brasil, Espanha, Polónia e do Vicariato Apostólico de Yurimaguas (Peru), na Amazónia.
O bispo do Algarve considera haver “uma mudança de perspetiva e de fundamentação destes ministérios”. “Antes eram vistos, sobretudo, tendo presente o ministério ordenado no Sacramento do Diaconado e do Presbiterado, mas passou-se a ver estes ministérios tendo em conta a sua origem e o seu fundamento que é o batismo. E aí revemo-nos todos na mesma vocação, na mesma dignidade e na capacidade de exercermos estes ministérios para a Igreja”, constatou.
D. Manuel Quintas disse tratar-se “de uma decisão inserida no horizonte da renovação traçada pelo Concílio Vaticano II, que abre novos caminhos à ministerialidade eclesial e permite redescobrir a corresponsabilidade de todos os batizados na Igreja e, em particular, a missão dos leigos”.
“Passa também por este âmbito a compreensão da sinodalidade que, presentemente, por indicação do Papa Francisco toda a Igreja, em cada uma das suas comunidades, grupos, movimentos, experimenta. Somos todos convidados, pastores e fiéis, a promover sempre mais uma cultura do diálogo e da corresponsabilidade na Igreja. Não se trata de uma moda ou de uma estratégia pastoral, mas de uma exigência que deriva do próprio ser da Igreja. A sua ministerialidade exprime-se na complementaridade sempre enriquecedora de carismas e de ministérios”, concluiu.
com Agência Ecclesia