Foto © Samuel Mendonça

O bispo do Algarve lembra que a guerra “nunca foi solução” para os problemas da humanidade.

“Tanta destruição e tanta gente morta para quê?”, questionou ontem D. Manuel Quintas na eucaristia da solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, e do Dia Mundial da Paz a que presidiu, como acontece anualmente, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade (popularmente conhecida como Mãe Soberana), em Loulé.

Lembrando que o papa Francisco considera que o mundo está a viver uma “guerra mundial aos pedaços”, o prelado concordou que o conflito, presente em tantos lugares e tantas situações” com “consequências avassaladoras e destruidoras, é “intermitente”. “Ficamos com o coração partido ao ver aquela cidade esventrada e aquelas famílias com tantas crianças a correr de um lado para o outro”, lamentou, referindo-se a Alepo, na Síria.

“Esta violência que se exerce «aos pedaços», de maneiras diferentes e a variados níveis, provoca enormes sofrimentos de que estamos bem cientes: guerras em diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; a devastação ambiental”, lamentou, citando a mensagem do papa Francisco para o Dia Mundial da Paz que desejou que todos pudessem ler.

D. Manuel Quintas lamentou “tanto dinheiro que é gasto em armas que podia ser utilizado para outros fins, naturalmente criando melhor bem-estar para todos, sobretudo para os mais necessitados, para aqueles que estão a crescer, para poderem olhar para o futuro com mais esperança”.

Reforçando a afirmação do papa de que “nenhuma religião é terrorista”, o bispo do Algarve sublinhou que “quem pratica o terror em nome de Deus e da religião está a enganar”. “«A violência é uma profanação do nome de Deus. Nunca nos cansemos de repetir: «jamais o nome de Deus pode justificar a violência. Só a paz é santa. Só a paz é santa, não a guerra». Não há nenhuma guerra que possamos classificar como santa”, afirmou, citando novamente o sumo pontífice.

Prosseguindo a citação, D. Manuel Quintas recordou as “muitas pessoas” que constroem a paz “todos os dias com pequenos gestos”, sendo que “muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para a construir”. “Ao iniciarmos este novo ano, comprometamo-nos aqui nesta eucaristia e diante de Nossa Senhora, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podemos ser construtores de paz”, concluiu, com base no documento de Francisco.