O bispo do Algarve lembrou ontem que o papa “quis oferecer à Igreja o Dia Mundial dos Pobres, para que as comunidades cristãs se tornem, em todo o mundo, cada vez mais e melhor sinal concreto da caridade de Cristo pelos últimos e os mais carenciados”.
A explicação é do próprio Francisco na sua mensagem para o I Dia Mundial dos Pobres, que ontem a Igreja assinalou. Recorde-se que o papa instituiu aquela efeméride na carta apostólica ‘Misericórdia e mísera’ (publicada no encerramento do Jubileu da Misericórdia) para ser assinalado anualmente no XXXIII Domingo do Tempo Comum e que este ano ocorreu a 19 de novembro.
Citando a mensagem do papa, D. Manuel Quintas lembrou que “um dos primeiros sinais com que a comunidade cristã se apresentou no palco do mundo foi o serviço aos mais pobres”. “O amor que se faz serviço e doação aos outros constituirá sempre e em todos os lugares o sinal identificativo dos seus discípulos”, sustentou o prelado na eucaristia da ordenação do diácono Tiago Veríssimo que ontem teve lugar na igreja de Aljezur.
Citando o papa Francisco, que retomou o discurso do papa Paulo VI na abertura da segunda sessão do Concílio, o bispo do Algarve evidenciou que “os pobres pertencem à Igreja por direito evangélico e obrigam a uma opção fundamental por eles”. “Mas não pensemos neles apenas como destinatários de uma boa obra de voluntariado que se pratica uma vez por semana ou menos ainda de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz”, prosseguiu, acrescentando que “estas experiências, embora válidas e úteis, a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que aparentemente são a sua causa, deveriam conduzir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida”.
“Se realmente queremos encontrar Cristo é preciso que toquemos o seu corpo no corpo chagado dos pobres como resposta à comunhão sacramental recebida na eucaristia. O corpo de Cristo, partido na sagrada liturgia, deixa-se encontrar pela caridade partilhada no rosto e na pessoa dos irmãos e irmãs mais frágeis”, prosseguiu citando.
“Não tenhamos receio de estender a mão aos pobres, a encontrá-los, fixados nos olhos, abraçá-los para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo da solidão. A sua mão estendida para nós é também um convite a sairmos das nossas certezas e comodidades e a reconhecermos o valor que a pobreza encerra em si mesma”, pediu ainda.