O bispo do Algarve presidiu ontem à tarde em Loulé, no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, à eucaristia com bênção dos bombeiros das corporações algarvias, simbolicamente realizada sobre os seus capacetes.
Na celebração, que contou com cerca de 40 elementos não só dos bombeiros, mas também ligados à Proteção Civil, D. Manuel Quintas explicou tratar-se de uma representação de todos os agentes que trabalham na região naquela área. O fogo que à mesma hora consumia mato na freguesia de São Marcos da Serra acabou por mobilizar cerca de três dezenas de operacionais e deixar vários outros de prevenção, impedindo muitos de estar presentes. “Representais todos os bombeiros do Algarve, todos aqueles também ligados à Protecção Civil, todos aqueles que têm esta missão – mais do que profissão – de defender pessoas e bens”, disse-lhes o prelado.
“Quisemos assinalar este dia com esta eucaristia para exprimir a proximidade de todo o Algarve, não apenas da Igreja”, começou por justificar o bispo do Algarve, acrescentando que “a gratidão nunca prescreve”. “É sempre tempo de ser gratos”, considerou, acrescentando que “a tarefa de defender pessoas e bens deve envolver a todos, sobretudo na prevenção”. “É por aí que começam as vitórias. O remediar, às vezes, torna-se difícil, traz-nos riscos sempre”, advertiu, a poucos dias do aumento do nível de perigosidade dos fogos rurais e do estado de alerta da Proteção Civil.
D. Manuel Quintas considerou haver “uma mentalidade que é preciso mudar” em relação ao cuidado com a natureza e acrescentou que esse é também o objetivo daquela celebração que se realizou pelo segundo ano consecutivo. “Gostaria que esta iniciativa diocesana, que espero que continue nos próximos anos, possa sensibilizar-nos a todos. O objetivo é esse: sensibilizar a todos, por exemplo, em corresponder aos apelos do papa Francisco na sua encíclica sobre a natureza”, observou, considerando que “começa a crescer alguma sensibilidade”, não obstante achar que há “um caminho muito longo ainda para percorrer”. “Penso que nos mais novos isso vai acontecendo. É quase como que uma revolução mental”, prosseguiu, defendendo que “o cuidar desta «casa comum» é vocação de todos”.
O bispo diocesano considerou que a missão daqueles operacionais é “exigente”, mas “gratificante”. “Quando ando nas visitas pastorais e visito as corporações de bombeiros ouço de alguns de vós o entusiasmo porque o bem que se faz, de maneira gratuita, e a experiência desse fazer bem na defesa de bens, mas sobretudo de pessoas, têm um retorno muito gratificante”, testemunhou.
O bispo do Algarve realçou o caráter exigente da missão daqueles agentes, lembrando que “exige formação, qualificação e condições”, mas também “conhecimento, rigor, prontidão, disponibilidade, empenho, capacidade de sofrimento, dedicação, altruísmo, superação dos limites pessoais, determinação e esperança”. “Sabemos como as vossas lutas, tantas vezes não são correspondidas”, lamentou.
No início da celebração, o padre Rafael Rocha, impulsionador daquela iniciativa e pároco no concelho de Tavira – que concelebrou com o bispo do Algarve, juntamente com o padre Carlos de Aquino, reitor do santuário e pároco de Loulé, e o padre Henrique Varela, também da equipa sacerdotal das paróquias louletanas – disse que a decisão de passar a bênção para local foi por ser mais central na região. “Queremos que sintais que estamos convosco e que damos imenso valor ao vosso trabalho. Eu próprio fui bombeiro voluntário durante seis anos da minha vida e tenho noção do que é estar desse lado. Se há algo que admiro é o vosso trabalho”, acrescentou.
No final da missa, realizada com a colaboração da Comissão Distrital da Proteção Civil de Faro, foram benzidos crucifixos que foram oferecidos aos operacionais com a oração de consagração que proferiram a Nossa Senhora.