© Samuel Mendonça
© Samuel Mendonça

O bispo do Algarve voltou a referir-se às novas realidades familiares, sejam famílias monoparentais, casais divorciados ou pessoas recasadas, sublinhando que os cristãos nessas situações matrimoniais diversas podem “alimentar a sua fé” e colaborar, ajudando outros a “crescer na fé”.

“Mesmo que, atendendo à sua situação, possam não participar na plenitude da comunhão [na celebração da eucaristia] como tantos outros, isso não é impeditivo de celebrarem o domingo com a comunidade, de escutar a palavra [de Deus], de participar na vida da comunidade, até em grupos”, afirmou D. Manuel Quintas, lembrando que “a dimensão sóciocaritativa é para todos”. “Ninguém está impedido de realizar isso. Não há nada que impeça alguém de fazer o bem sem olhar a quem. E não apenas a nível pessoal mas também em nome da comunidade. Há tantos serviços numa paróquia onde todos – mesmo aqueles que se encontram nessa situação – podem colaborar, participar, alimentar a sua fé e ajudar outros a crescer na fé”, afirmou o prelado.

Depois de ter abordado o tema no passado dia 23 de outubro em entrevista ao Programa Ecclesia na Antena 1, D. Manuel Quintas voltou a dizer que “mesmo aqueles que possam encontrar-se numa situação não regular do ponto de vista matrimonial em relação à Igreja, não devem sentir-se excluídos” dela porque a Igreja é “casa de todos”. “Um batizado, seja em que circunstância for, é sempre membro da Igreja. E os batizados não têm só deveres, também têm direitos: a escutar a palavra [de Deus], a crescer na fé”, acrescentou no passado sábado na eucaristia de encerramento da visita pastoral à paróquia de Ferragudo em que celebrou “de maneira particular” pelas pessoas que estão naquelas situações.

O bispo do Algarve deixou uma “palavra de estímulo” àqueles destinatários, sobretudo, aos que “estão a recomeçar”, “acompanhando os filhos na catequese”, fazendo-lhes um apelo: “não desistais!”. “A Igreja é casa de todos. Mesmo que algumas vezes tivésseis pensado que não era porque vos sentíeis não acolhidos, ficai a saber – e o Papa Francisco tem sido eloquente nessas afirmações – que a Igreja deve ter as portas abertas para todos. E a porta aberta não é só a da igreja, é a porta da fé que nos leva a Cristo para que Ele faça parte da nossa vida”, afirmou D. Manuel Quintas.

“É muito bom escutar, como eu escutei ao longo desta semana, que alguns estão a recomeçar ou a pensar recomeçar”, regozijou-se o bispo do Algarve, congratulando-se com alguns testemunhos que lhe confirmaram que sentem “um apelo que antes não sentiam” e estão a “encontrar resposta” na “palavra [de Deus] que estão a escutar aos domingos, no testemunho que recebem da comunidade, nos apelos que o pároco faz”.

D. Manuel Quintas disse gostar que todos se sintam “sempre acolhidos pela Igreja e em todas as situações e circunstâncias” e frisou que “a situação familiar e de qualquer ordem em que se encontrem não deve ser impeditivo a que a palavra de Deus chegue a todos, a que a força de Deus chegue a todos, a que a misericórdia e o perdão de Deus possam ser acolhidos por todos, e que todos possam contribuir com o seu saber, experiência e vida de fé, mesmo celebrada na situação em que se encontram, para o crescimento da própria comunidade e para o anúncio do testemunho de Cristo”.