Chama foi trazida da Áustria por escuteiros algarvios
A cerimónia nacional da partilha da ‘Luz da Paz de Belém’, levada a cabo pelo Corpo Nacional de Escutas (CNE), decorreu este ano no Algarve.
A iniciativa, sob o tema “Navegamos por rotas de alegria e paz”, teve lugar no passado domingo, 15 de dezembro, em Portimão com a participação de cerca de 1.800 escuteiros de todo o país e de vários convidados. A entrega da ‘Luz da Paz de Belém’, recolhida da gruta da basílica da Natividade, local atribuído ao nascimento de Jesus, foi feita no Portimão Arena aos agrupamentos do CNE e representantes paroquiais que a levaram depois para as paróquias de todo o país.

No dia anterior, a chama tinha sido recolhida na cerimónia em Viena, na Áustria, por Mariana Silva, uma escuteira do Agrupamento 598 de Armação de Pêra, que integrou a comitiva portuguesa de 10 elementos que ali se deslocou, e da qual fizeram também parte Luís Balacumba, do Agrupamento 173 de Lagos, Inês Alberto e Nuno Passarinho, do Agrupamento 413 de Ferragudo, Tiago Feijão, do Agrupamento 1052 de Quarteira, José Batista, do Agrupamento 1174 de Boliqueime, e Tiago Silva, do Agrupamento 598 de Armação de Pêra.


“Desde 1986 que a Austrian Broadcasting Corporation começou esta iniciativa da ‘Luz da Paz de Belém’ como parte de uma campanha de caridade para crianças em dificuldades na Áustria e em países dos arredores. Desde 1989 que tem sido concretizada em cooperação com escuteiros e guias de inúmeros países, o que permite que esta luz seja partilhada como símbolo de paz, amor e esperança’, explicou, na cerimónia em Portimão, o coordenador do CNE para aquela iniciativa.

“De candeia em candeia, esta chama, que foi acesa em Belém e que já percorreu um total de 6.500 quilómetros sem nunca se apagar, chega hoje até nós. Hoje e durante os próximos dias seremos milhões a dar continuidade à transmissão desta luz, a luz de Cristo”, introduziu o chefe Artur Costa, acrescentando: “a ‘Luz da Paz de Belém’ é assim um símbolo poderoso, um farol de esperança que atravessa fronteiras, une corações e nos convida a ser protagonistas na construção de um futuro que nos conduza ao encontro do outro, à partilha do amor, compreensão e esperança num mundo melhor”.
Lembrando que aquela “luz que, nunca se apaga, está em Belém”, “tão perto do centro de um dos conflitos militares” da atualidade, o que lhe confere um “significado ainda mais poderoso”, aquele dirigente considerou que, “nestes tempos desafiantes em que a paz se apresenta como um bem precioso e, cada vez mais, como uma meta a ser construída”, todos são “chamados a dar passos concretos na direção de um mundo mais solidário e humano”. “Todos os anos, antes do Natal, é trazida para a Áustria por uma criança que inicia assim uma dinâmica de partilha. É nesta cerimónia de delegações de escuteiros de várias nacionalidades que vão buscar a luz para partilhar nos seus países em cerimónias próprias, tornando-se um movimento internacional que inspira todos aqueles que acreditam no poder de pequenos gestos”, prosseguiu, lembrando que durante estes dias que precedem o Natal serão “milhões a dar continuidade à transmissão” daquela chama “para que deixe marcas de vida e esperança na partilha” que realizarem.

Também o chefe regional do Algarve do CNE, João Ramalho, realçou que “num mundo, tantas vezes marcado por desafios, divisões e incertezas”, aquela “chama da paz” recorda que “pequenas boas ações têm o poder de transformar realidades”.
Após a entrada da luz pelas mãos da lobita Mariana Silva, em conjunto com os restantes membros da delegação portuguesa que se deslocou à Áustria, deu-se início à Eucaristia, presidida pelo bispo do Algarve, que integrou aquela cerimónia.

D. Manuel Quintas desafiou os presentes ao compromisso de serem “luz do mundo”. “Essa luz é as boas obras com que iluminamos o mundo à nossa volta, obras que significam sermos construtores da paz, sermos semeadores de esperança e constagiadores da alegria que brota da presença de Cristo no nosso coração e na nossa vida”, especificou D. Manuel Quintas, desafiando ao desejo de “conhecer melhor Jesus e de o seguir para que Ele ilumine e seja sinal de esperança” na vida de cada um.

Lamentando que haja “tanta falta de esperança no mundo de hoje”, o bispo diocesano lembrou que a Igreja vai viver “um ano todo dedicado à esperança” com o Jubileu de 2025. “Estou certo de que a ‘Luz da Paz de Belém’ nos há de ajudar a viver com mais esperança, a ser também semeadores de esperança à nossa volta, no nosso Algarve, no mundo de hoje, em todo o país”, declarou, lembrando que aquela luz chegará a “todos os cantinhos de Portugal”. “Queremos que esta luz, que é o próprio Jesus, ilumine, oriente, aconchegue, crie, aqueça os corações das famílias, das crianças, dos jovens, de todos”, afirmou, agradecendo a presença das autoridades, sobretudo ao presidente da Câmara de Portimão que cedeu aquele pavilhão para aquela iniciativa.

A secretária nacional dos Projetos do CNE, realçou que aquela chama “é mais do que um simples fogo”. “Ela é símbolo de união, fraternidade e do compromisso de cada um de nós de espalhar a bondade onde quer que estejamos. Que este momento de partilha seja para cada um uma oportunidade de refletir sobre as rotas que traçamos no dia a dia”, afirmou Inês Graça, questionando: “Será que as nossas escolhas refletem alegria e paz? Será que somos luz para os outros?”.

Aquela dirigente também desejou que a partilha daquela “chama de mão em mão” “ilumine os corações” e inspire todos a “levar a esperança”, a serem “construtores de paz” e os “guie a agir com mais empatia, mais solidariedade e mais coragem para fazer a diferença”. “Nesta terra de marinheiros, pescadores e sonhadores, sejamos nós agora os navegadores de um mundo melhor. Que cada um que a recebe seja um farol de alegria e paz”, concluiu Inês Graça.

O chefe nacional do CNE, que agradeceu à Junta Regional do Algarve por terem conseguido trazer a luz da Áustria, enfatizou que a missão dos escuteiros é levá-la “a todas as partes do país” e também para a própria família de cada um. “A luz que levamos, na verdade, somos nós. Nós é que nos conseguimos transformar em luz quando somos capazes de levar o abraço, a alegria, o sorriso e a paz”, referiu Ivo Faria, considerando que assim serão imagem de Deus para os outros.
A cerimónia ficou ainda marcada pela distinção da chefe Ana Patrícia Mendes, do Agrupamento 159 de Portimão, com a Medalha de Heroísmo, por ter salvo uma criança vítima de afogamento numa piscina no verão passado.
No domingo, logo pela manhã, a Junta Regional do Algarve preparou um conjunto de atividades escutistas, com possibilidade de visitar e conhecer os locais mais emblemáticos da cidade de Portimão.