A comunidade brasileira residente no Algarve voltou a associar-se à celebração no Brasil do Dia Nacional de Nossa Senhora Aparecida, padroeira daquele país, que se assinala na próxima quarta-feira, 12 de outubro.
Na Eucaristia que teve lugar, no passado sábado, na igreja de São Pedro de Faro, presidida pelo cónego Carlos César Chantre, explicou-se a origem daquela devoção, quando em 1717, no porto de Itaguaçu, três pescadores “já exaustos de retirarem as redes vazias” do Rio Paraíba do Sul, numa derradeira tentativa, retiraram das suas “águas escuras” a imagem de Nossa Senhora da Conceição, “escurecida pelo tempo” que veio nas redes em dois pedaços: “primeiro o corpo e em seguida, rio abaixo, a cabeça”.
“Depois de colocarem a imagem dentro do barco, os pescadores, que até então não tinham conseguido pescar nada, encheram as redes de uma quantidade abundante de peixes. Agradecidos os pescadores passaram a honrar a pequena imagem com oração e ladainhas que o povo brasileiro aprendeu a reverenciar e denominou a como Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Essa devoção, expandida ao longo do tempo pelo imenso território do Brasil, culminou com o reconhecimento por parte de D. Pedro I, D. Pedro VI em Portugal que concedeu a sua elevação ao título de padroeira do Brasil. Em 1888, a princesa Isabel, em reconhecimento por uma graça recebida, ofereceu uma coroa de ouro cravejada de diamantes e rubis e um manto ricamente decorado que orna a imagem original”, desenvolveu-se, lembrando que “em 1904, em solenidade aprovada pelo Papa Pio X, realizou-se a coroação solene da imagem”.
“Hoje, na cidade de Aparecida, no Estado de São Paulo, no Brasil, próximo ao local da aparição, encontra-se a imagem original na atual basílica de Santuário Nacional de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, inaugurado em 1980 pelo papa São João Paulo II, onde milhões de fiéis peregrinam e a cada 12 de outubro festejam em sua homenagem e em agradecimento pelas infindáveis graças recebidas”, acrescentou-se.
Depois da explicação, uma réplica da pequena imagem mariana foi entronizada na celebração para ser benzida pelo padre Rafael Ferreira que veio o mês passado trabalhar para o Algarve.
Na homilia que proferiu, o sacerdote brasileiro esclareceu que a devoção a Nossa Senhora Aparecida é mais antiga do que outras expressões consideradas símbolos nacionais brasileiros como o futebol, o carnaval ou o monumento de Cristo Redentor. “Aparecida é um símbolo nacional”, sublinhou, lembrando que “a imagem da Aparecida une Brasil e Portugal”. “É por isso que quando vamos a Fátima lá temos a imagem de Nossa Senhora Aparecida, na lateral, simbolizando os 300 anos desta devoção. E se vamos também à Aparecida, ali de lado também temos a imagem de Nossa Senhora de Fátima, em que o cardeal Marto ali foi levando a imagem, simbolizando também os cem anos da mensagem de Fátima. Por isso, estamos intimamente unidos. Temos uma mesma mãe, uma mãe que intercede por nós”, afirmou.
Também o cónego César Chantre realçou a existência de “tantos títulos para uma mesma Senhora, simplesmente Maria, a mãe de Jesus”. “Agradeço muito ao Brasil que faz com que a velha Europa se possa rejuvenescer na sua cultura e na sua fé. O Brasil que não trema, que não tenha medo da sua fé e da sua cultura porque precisamos muito do Brasil para que a Europa se possa rejuvenescer”, disse ainda.
No decurso da celebração foram lembradas as cinco regiões que compõem o Brasil. A região norte, composta por sete estados – Amazonas, Pará, Roraima, Amapá, Rondônia e Tocantins –, que abriga a Bacia Amazónica e tem na pesca uma das suas atividades mais tradicionais que já era praticada pelos povos indígenas que ainda hoje ali vivem. São exemplos dos seus recursos naturais frutos com o açaí, o tucumã, cupuaçu e o guaraná.
A região nordeste é formada pelos estados da Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão. Ali nasceu a base da população brasileira: os ameríndios, os africanos e o colonizador europeu. A capoeira, arte marcial brasileira, ali se desenvolveu pelos africanos. os golpes da capoeira assemelham-se à dança e o seu ritmo é marcado pelo som do berimbau e pelo canto.
A região sudeste compõe-se por quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. Ao longo da história brasileira atingiu a centralidade económica e a cultural do país. Acolhe a arte barroca em Minas Gerais e no Rio de Janeiro, uma das festas populares mais turísticas do país, e é conhecida pelos clubes de futebol de renome.
A região centro-oeste é formada pelos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e pelo Distrito Federal, onde se localiza a capital Brasília. É um grande produtor de alimentos como carne, grãos e frutas.
A região sul é composta por três estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. Ali se encontram as famosas Cataratas do Iguaçu. Ao sul da região encontram-se os pampas, quando se tem o hábito de tomar chimarrão com a erva-mate. Para o chimarrão é utilizada a cuia, vasilha feita do fruto da cuieira ou do porongo e também o talher chamado de bomba ou bombilha.
Vários destes elementos foram entregues no momento da apresentação dos dons daquela Eucaristia, promovida pela paróquia de São Pedro de Faro em colaboração com o Consulado-Geral do Brasil no Algarve, que contou ainda com a presença da cônsul-adjunta, do vice-cônsul e de um representante da Câmara de Faro.