Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A Confraria de Nossa Senhora da Piedade, popularmente evocada como Mãe Soberana, em Loulé, vai ser reativada.

Depois de ter instituído há dois anos o reconhecimento do Santuário da Mãe Soberana com o decreto que criou, o bispo do Algarve D. Manuel Quintas prepara agora a homologação dos estatutos da confraria.

Em 1652 já existia um livro de registo de contas da Confraria de Nossa Senhora da Piedade e a organização permaneceu, pelo menos, até 1786. Sem que se saiba ao certo o motivo, no início do século XIX (1803) a entidade que gere o culto passou a designar-se por Mordomia de Nossa Senhora da Piedade, designação que conservou até 1931, data em que todos os seus bens, depois de nacionalizados durante a Primeira República, foram devolvidos, através de escritura pública, à então recém constituída Corporação Fabriqueira Paroquial de São Sebastião de Loulé.

O reitor do santuário mariano e pároco de Loulé explicou ao Folha do Domingo porque se achou por bem revitalizar a confraria que tinha sido criada “para a dinamização da espiritualidade e do culto à Mãe Soberana”. “Fomos sentindo a necessidade de haver um grupo que esteja mais diretamente responsável não apenas pela preparação da festa, mas também de criar durante o ano uma proposta espiritual a vários níveis”, afirmou o padre Carlos de Aquino.

O sacerdote explicou que o passo seguinte à homologação dos estatutos será a constituição, a partir da paróquia e do Conselho Pastoral, de um “grupo dinamizador e fundante” com a “presença dos homens do andor” e a de todos os que estão mais ligados ao culto a Nossa Senhora da Piedade.

O padre Carlos de Aquino explicou que o bispo do Algarve também considerou importante a constituição deste primeiro grupo para que se “vá criando alguma sensibilidade” que ajude à refundação da confraria.

Os estatutos prevêem uma direção, cujo diretor espiritual será o pároco, tendo um presidente, um tesoureiro, um secretário e vogais, assim como o conselho fiscal. Segundo o padre Carlos de Aquino, o grupo que irá ser constituído proximamente “irá dinamizar a aceitação dos irmãos à confraria para que depois possa ser votada por todos a mesa administrativa e fiscal”.

O pároco de Loulé acrescentou que também fará parte dessa equipa “alguém ligado à comunicação e ao design”. “Há gente, já nesse âmbito, que está a criar uma nova linguagem, uma imagem gráfica e produtos que possam ser adquiridos por quem visita o santuário”, acrescentou.

O sacerdote explica que a confraria estará aberta “não apenas ao povo de Loulé”. “Há muita gente que está fora do país e é de Loulé e tem o culto à Mãe Soberana no coração. Todas essas pessoas podem fazer parte da Confraria da Nossa Senhora da Piedade”, observou, acrescentando que, para além de serem “homens e mulheres de boa vontade”, a condição principal é “que sejam batizados e não se oponham à fé católica”.

O padre Carlos de Aquino refere ainda que a administração dos bens do santuário continuará a ser da Fábrica da Igreja de São Francisco, mas todos os bens que a confraria adquira para promoção do culto serão geridos por esta.