Há um número crescente de países que, por causa da pandemia de Covid-19, colocam restrições à entrada de pessoas que estiveram em Portugal.
Depois da decisão do Reino Unido de excluir Portugal dos “corredores de viagem internacionais”, a Escócia deixou Portugal e Espanha de fora da lista de 39 países isentos de quarentena na chegada ao país, a qual inclui França, Alemanha, Grécia, Holanda, entre outros, anunciou a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon.
A decisão anunciada pelo governo britânico só afeta Inglaterra porque Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte têm autonomia em questões de saúde.
Entretanto, a Finlândia também anunciou a reabertura de fronteiras para turismo a 17 Estados europeus com baixas taxas de infeção por covid-19, excluindo dessa lista países como Portugal, Espanha, França ou Luxemburgo.
A medida entra em vigor em 13 de julho, altura em que serão levantadas as restrições para Estados europeus com uma taxa de infeção por covid-19, nos últimos 14 dias, de menos de oito por 100 mil habitantes, revelou o Governo finlandês em comunicado, citado pela agência AFP.
Ontem foram as autoridades belgas que incluíram a região de Lisboa no lote de “zonas vermelhas” consideradas de alto risco devido à covid-19, o que implica uma quarentena obrigatória para os viajantes que cheguem à Bélgica oriundos da capital portuguesa.
O resto do território português está no grupo “laranja”, no qual estão também incluídos Espanha – à exceção das duas regiões classificadas como de alto risco -, Grécia, Chipre, Dinamarca, Reino Unido e Islândia.
O primeiro-ministro considerou hoje “manifestamente injusto” que Portugal esteja na “lista vermelha” de vários países por causa da Covid-19 e criticou a forma como está a ser feita a gestão das fronteiras internas na União Europeia.
António Costa assumiu esta posição no final de uma reunião com o presidente da Câmara de Loures, Bernardino Soares, sobre o combate à pandemia da covid-19, na qual esteve acompanhado pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro, também coordenador do Governo para a região de Lisboa e Vale do Tejo.
Interrogado sobre o número crescente de países que colocam restrições à entrada de pessoas que estiveram em Portugal, o primeiro-ministro respondeu: “Eu acho que, manifestamente, é injusto”.
“Quem veja essas classificações, até parece que estamos numa situação de risco generalizado muito elevado comparativamente com outros. Caso se analisem com atenção os números, podemos identificar muito bem qual o tipo de situação que existe. Mas, sobretudo, temos de integrar outros números, razão pela qual recomendo muito que se leiam os relatórios da Agência Europeia do Controlo das Doenças”, defendeu.
Segundo António Costa, esta agência “tem insistido sempre na necessidade de utilizar uma multiplicidade de critérios para se avaliar o grau de risco”.
Depois de ter insistido na tese relativa às diferenças ao nível da testagem praticada em vários países, o primeiro-ministro deixou críticas à forma como a União Europeia tem atuado ao nível da gestão das suas fronteiras internas.
“Há uma área em que a União Europeia tem falhado por não haver um critério uniforme relativamente às fronteiras internas, o que depois gera discrepâncias extraordinárias e até casos de pura retaliação. Há países que foram colocados recentemente em listas vermelhas, não porque tenham uma grande incidência da covid-19, mas porque tinham colocado outros em listas vermelhas”, disse.
Em seguida, António Costa deixou um aviso às autoridades europeias: “Se começarmos todos a retaliar uns aos outros, vamos todos estar rapidamente em listas vermelhas”.
“É preciso muito bom senso e haver aqui um diálogo sério das instituições europeias. A reação da União Europeia tem corrido melhor na capacidade de resposta à crise económica e social do que na gestão interna das suas fronteiras. Espero que isto seja rapidamente ultrapassado”, completou o primeiro-ministro.
Neste contexto, António Costa classificou como “positivo” que a Bélgica “tenha compreendido a diferença existente entre situação no conjunto de Portugal e a situação de algumas localidades”.
“É verdade que em Portugal conhecemos mais casos, mas temos mais razões para estar seguros. Perigoso são os países que não testam, porque conhecem menos a realidade”, sustentou.
com Lusa