O cardeal-patriarca de Lisboa disse ontem na missa exequial do padre José António Cordeiro que no sacerdote “havia «cheiro de ovelhas»”.

Socorrendo-se de uma conhecida expressão do Papa Francisco, D. Manuel Clemente disse que “no padre José cordeiro havia «cheiro de ovelhas» porque havia proximidade no apoio e resposta às necessidades”.


O cardeal-patriarca de Lisboa presidiu ao final da tarde na igreja matriz de Portimão à Eucaristia exequial do sacerdote algarvio que pertencia à Irmandade de São Pedro do Clero do Patriarcado de Lisboa e que faleceu no passado sábado. O padre José António Duarte Cordeiro, de 87 anos, encontrava-se há quase três anos a residir em Portimão, onde veio a falecer.
D. Manuel Clemente considerou que o padre José Cordeiro foi “um bom padre” e desejou que “que Deus o recompense como só Deus pode recompensar”. “Quando partimos deste mundo não deixamos de trabalhar por ele. Os que já lá estão, em Cristo, estão, como Cristo, a trabalhar para que nós lá cheguemos também. E isto acontece muito especialmente na vida daqueles que, pelo sacramento da Ordem, são sinais vivos de Cristo-Pastor no meio de nós”, acrescentou.

Aquele responsável católico realçou que “a própria morte será a passagem à vida”. “Cristo morreu e ressuscitou. E, unidos a Ele no batismo, morremos e ressuscitamos”, completou.

D. Manuel Clemente recordou que o falecido sacerdote, natural das Caldas de Monchique, estudou no Instituto Superior Técnico, “onde ficou tocado pela mensagem cristã de uma maneira tão especial que o levou ao Seminário [dos Olivais]”, e trabalhou posteriormente numa paróquia perto de Setúbal, primeiro como coadjutor e depois como professor de Educação Moral e Religiosa Católica “durante tantos anos no liceu”.


O cardeal-patriarca de Lisboa referiu-se ainda aos “largos anos que passou numa paróquia tão central como é São Sebastião da Pedreira, onde passa tanta gente”. Referindo-se à “centralidade da vida cristã que ali praticou, celebrou e ofereceu”, disse ter sido “extremamente generoso”, “uma generosidade quase excessiva que ninguém deixava sem resposta”.

Na Eucaristia, concelebrada pelo cónego Mário de Sousa, pároco da matriz de Portimão, por outros sacerdotes daquela cidade, de Monchique e de outras paróquias algarvias, bem como pelo padre António Faustino, pároco de São Sebastião da Pedreira e sucessor do falecido naquela paróquia, D. Manuel Clemente sublinhou que através da vida do sacerdote “aconteceu a vida de Cristo, a ressurreição dos mortos, a saída da si para ir ao encontro dos outros e encontrar Deus”.
Por fim, lembrou o contributo que deu “também num setor da sociedade que necessita de uma especial atenção”. “Foi um dos grandes propulsores em Portugal do movimento de viúvas, o Movimento da Esperança e Vida”, testemunhou, considerando a importância daquele “setor tão importante” na sociedade portuguesa em que uma percentagem alta da população “avança pelos 60 anos por diante” e “muita dela está só – especialmente as senhoras – e precisa de ser acompanhada”.

Ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1964, o padre José Cordeiro chegou à paróquia de São Sebastião da Pedreira em 1993, onde ficou até 2017. Já aposentado, regressou ao Algarve no início da pandemia. Na paróquia da matriz de Portimão celebrava Eucaristia e administrava o sacramento da reconciliação de segunda a sexta-feira.
O corpo do sacerdote foi cremado, por sua vontade escrita, e as cinzas serão colocadas na cripta da capela do Santíssimo Sacramento da igreja matriz de Portimão.