O cardeal-patriarca de Lisboa disse ontem na missa exequial do padre José António Cordeiro que no sacerdote “havia «cheiro de ovelhas»”.

Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Socorrendo-se de uma conhecida expressão do Papa Francisco, D. Manuel Clemente disse que “no padre José cordeiro havia «cheiro de ovelhas» porque havia proximidade no apoio e resposta às necessidades”.

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O cardeal-patriarca de Lisboa presidiu ao final da tarde na igreja matriz de Portimão à Eucaristia exequial do sacerdote algarvio que pertencia à Irmandade de São Pedro do Clero do Patriarcado de Lisboa e que faleceu no passado sábado. O padre José António Duarte Cordeiro, de 87 anos, encontrava-se há quase três anos a residir em Portimão, onde veio a falecer.

D. Manuel Clemente considerou que o padre José Cordeiro foi “um bom padre” e desejou que “que Deus o recompense como só Deus pode recompensar”. “Quando partimos deste mundo não deixamos de trabalhar por ele. Os que já lá estão, em Cristo, estão, como Cristo, a trabalhar para que nós lá cheguemos também. E isto acontece muito especialmente na vida daqueles que, pelo sacramento da Ordem, são sinais vivos de Cristo-Pastor no meio de nós”, acrescentou.

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Aquele responsável católico realçou que “a própria morte será a passagem à vida”. “Cristo morreu e ressuscitou. E, unidos a Ele no batismo, morremos e ressuscitamos”, completou.

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D. Manuel Clemente recordou que o falecido sacerdote, natural das Caldas de Monchique, estudou no Instituto Superior Técnico, “onde ficou tocado pela mensagem cristã de uma maneira tão especial que o levou ao Seminário [dos Olivais]”, e trabalhou posteriormente numa paróquia perto de Setúbal, primeiro como coadjutor e depois como professor de Educação Moral e Religiosa Católica “durante tantos anos no liceu”.

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O cardeal-patriarca de Lisboa referiu-se ainda aos “largos anos que passou numa paróquia tão central como é São Sebastião da Pedreira, onde passa tanta gente”. Referindo-se à “centralidade da vida cristã que ali praticou, celebrou e ofereceu”, disse ter sido “extremamente generoso”, “uma generosidade quase excessiva que ninguém deixava sem resposta”.

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Na Eucaristia, concelebrada pelo cónego Mário de Sousa, pároco da matriz de Portimão, por outros sacerdotes daquela cidade, de Monchique e de outras paróquias algarvias, bem como pelo padre António Faustino, pároco de São Sebastião da Pedreira e sucessor do falecido naquela paróquia, D. Manuel Clemente sublinhou que através da vida do sacerdote “aconteceu a vida de Cristo, a ressurreição dos mortos, a saída da si para ir ao encontro dos outros e encontrar Deus”.

Por fim, lembrou o contributo que deu “também num setor da sociedade que necessita de uma especial atenção”. “Foi um dos grandes propulsores em Portugal do movimento de viúvas, o Movimento da Esperança e Vida”, testemunhou, considerando a importância daquele “setor tão importante” na sociedade portuguesa em que uma percentagem alta da população “avança pelos 60 anos por diante” e “muita dela está só – especialmente as senhoras – e precisa de ser acompanhada”.

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Ordenado sacerdote a 15 de agosto de 1964, o padre José Cordeiro chegou à paróquia de São Sebastião da Pedreira em 1993, onde ficou até 2017. Já aposentado, regressou ao Algarve no início da pandemia. Na paróquia da matriz de Portimão celebrava Eucaristia e administrava o sacramento da reconciliação de segunda a sexta-feira.

O corpo do sacerdote foi cremado, por sua vontade escrita, e as cinzas serão colocadas na cripta da capela do Santíssimo Sacramento da igreja matriz de Portimão.