O ‘Dia do Pioneiro’ do Corpo Nacional de Escutas (CNE) da Região do Algarve foi comemorado no último fim de semana na freguesia da Mexilhoeira Grande num acampamento que contou com 242 elementos (incluindo mais de 40 dirigentes) de 23 dos 33 agrupamentos algarvios.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Aquela atividade para Pioneiros e Marinheiros (elementos dos 14 aos 18 anos, respetivamente dos ramos terrestre e marítimo, pertencentes à IIIª secção do CNE) estava inicialmente prevista para as Fontes de Estômbar, mas devido à falta de água naquele local – imposta pela seca que fustiga o Algarve – acabou por ter de ser relocalizada para a Ria de Alvor, tendo os escuteiros ficado acampados junto ao antigo empreendimento turístico da Quinta da Rocha, cujos edifícios serviram de apoio às atividades.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

A iniciativa, promovida pela Junta Regional do Algarve do CNE, através do Departamento Regional da IIIª Secção com o apoio da Secretaria Regional Pedagógica, teve como lema “Sê livre e sonha em ser feliz…” e como imaginário o clássico da literatura infantil de Mark Twain, intitulado “As Aventuras de Tom Sawyer”, que na década de 1980 ficou célebre em Portugal devido ao sucesso da adaptação japonesa a série televisiva de animação.

A obra passa-se nos finais do século XIX em São Petersburgo (EUA) e conta a história de Tom Sawyer – um rapaz muito traquina que desde a morte dos seus pais, vive em casa da sua tia Polly com seu irmão mais novo, Sid. O guião da série é basicamente composto pelas aventuras e descobertas de Tom com o seu melhor amigo, Huckleberry Finn, nas quais ganha ainda particular destaque Becky, por quem tem uma paixão, e o perigoso Joe, o índio.

Chegados na sexta-feira à noite à Escola Básica e Secundária da Bemposta, em Portimão, onde fizeram o check-in, os escuteiros iniciaram uma longa caminhada, intitulada “A Perseguição de Joe, o índio!” que os levou durante a noite até ao local do acampamento e que tinha como objetivo chegar ali e capturar a temível personagem. Na “Casa Abandonada” tiveram de «aprender» a fazer fogo para terem iluminação durante a noite.

No sábado de manhã, após a alvorada e a abertura de campo, os Pioneiros e Marinheiros trabalharam ainda na montagem de algumas estruturas dos três subcampos e depois iniciaram, por equipas, os jogos, intitulados “A vida no Mississípi”, que valorizaram a destreza física e mental, a interajuda e a chamada “técnica escutista”.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Estas provas – muitas delas constituídas por jogos de água – consistiram, por exemplo, na construção de “canoas” para Tom Sawyer e o gangue dos piratas irem «avisar» a tia Polly. Incluíram ainda uma escape room (sala de fuga, em português), intitulada “Perdidos na Caverna”, da qual os participantes tiveram de escapar a partir da descodificação do enigma que nela estava contido; o “Julgamento de Muff Potter”, em que lhes foram fornecidos vários indícios para que criassem uma história de defesa ou de incriminação do acusado; a criação de uma declaração amorosa do apaixonado Tom a Becky ou a elaboração de uma tábua da cerca que Sawyer pintou e que foi apresentada durante a Eucaristia, no momento após a comunhão, com os desejos que nela manifestaram para si mesmos e para os outros.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo
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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

No sábado à tarde, realizaram ainda um «arraial» ao som da música que eles próprios selecionaram. Depois do jantar foi celebrada a Eucaristia presidida pelo assistente regional do CNE, o padre Rui Fernandes, e realizado o tradicional fogo de conselho.

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Foto © Samuel Mendonça/Folha do Domingo

Ontem, após a alvorada, a manhã trouxe-lhes o desafio da realização de um vídeo para publicação nas redes sociais, em que cada equipa teve de contar “como foi viver as Aventuras de Tom Sawyer” e, após a desmontagem de campo, realizou-se a entrega de prémios e o momento do ‘Adeus’.

À reportagem de Folha do Domingo, o chefe de campo constatou que o imaginário de Tom Sawyer não dizia “praticamente nada” àquela geração de jovens. “Um dos nossos intuitos é que eles saiam daqui com curiosidade de saber quem foi Tom Sawyer e quem foi Mark Twain”, explicou o chefe José Neutel. A secretária regional pedagógica, Patrícia Mendes, acrescentou que o encontro foi “muito positivo em termos de espírito de equipa e entre agrupamentos”.

O CNE, fundado no Algarve em 1932 pelo cónego José Augusto Vieira Falé, conta atualmente com 33 agrupamentos.