O padre António de Freitas instou no passado sábado à “urgência de fazer da catequese um encontro” com Cristo, considerando que “o que falta, independentemente dos métodos, das tecnologias, das pedagogias”, é “fazer com que as crianças, adolescentes e jovens se encontrem com Jesus”.
O sacerdote, que apresentou no Dia Diocesano do Catequista a carta pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, intitulada «Catequese: A Alegria do Encontro com Jesus Cristo», disse aos cerca de 300 catequistas algarvios presentes no Centro Apostólico de Santo André, na Penina (Alvor), que aquela conclusão é o que sintetiza o documento dos bispos portugueses, publicado em maio do ano passado, e que já tinha sido indicada em 2001 pelo papa Francisco, ainda enquanto arcebispo de Buenos Aires (Argentina).
O formador da jornada promovida pelo Sector da Catequese da Infância e Adolescência da Diocese do Algarve sob o mesmo tema da carta pastoral dos bispos portugueses, explicou que esta “incide sobretudo na necessidade e na urgência de se fazer da catequese um meio, um lugar e um tempo de encontro com Jesus” e advertiu os educadores que “não a ler, não a aprofundar e não procurar em conjunto como responder a ela, é um pecado na missão do catequista”.
O orador destacou assim que o documento adverte que “a evangelização da pessoa e das comunidades depende totalmente da existência ou não deste encontro com Jesus Cristo” e não tanto “deste ou daquele pormenor, deste ou daquele dinamismo, desta ou daquela pedagogia”.
Considerando que a catequese tem essa “urgente e absoluta necessidade de ser um lugar de transmissão da fé através do encontro real, pessoal e íntimo com Jesus”, o padre António de Freitas evidenciou que esse encontro com Cristo tem de ser, em primeiro lugar, vivido pelo próprio catequista. “A transmissão da fé, que na catequese tem um lugar por excelência, depende em grande parte da existência ou não do encontro do catequista com Jesus”, observou, aludindo à “necessidade do encontro com Jesus por parte daquele que é catequista, a fim de que a sua missão seja isso mesmo: missão e não cumprimento de um trabalho ou de uma tarefa entre muitas outras tarefas e trabalhos”.
“A missão de cada catequista não deve ser vista como uma tarefa, como um lugar garantido na comunidade ou como uma maneira de me realizar pessoalmente, mas sim como forma de me encontrar e configurar ainda mais com Jesus”, advertiu, acrescentando que “a vocação de catequista é chamamento e dom de Deus” e “não um mero desejo humano de realização pessoal”. “Ser catequista é aquilo a que Deus nos chama. É muito diferente de fazermos de catequistas”, observou, considerando que “ser catequista é dar-se e não dar coisas”. “Façam da vossa vida um lugar onde Jesus se encontra com eles”, pediu.
Reforçando que a missão daqueles educadores “é fazer com que o catequizando se encontre com Cristo, se sinta por Ele amado e aprenda a responder a esse amor”, advertiu assim que não se trata de “preparar meninos para festas: primeiras comunhões, profissões de fé ou crismas”. “Quem faz catequese a pensar nestas metas falha por completo o objetivo”, alertou, explicando que as festas, os sacramentos e as celebrações da fé só fazem sentido para levar a pessoa à “intimidade” e “amizade” com Cristo num contexto de inserção “numa comunidade que é a Igreja”.
O sacerdote realçou assim que “o catequista deve ser o mediador que facilita a comunicação entre as pessoas e o mistério de Deus”, ressalvando que “facilitar não significa «fechar os olhos» ou «passar paninhos quentes», mas tudo tentar para que se dê o encontro entre o catequizando e Jesus”.
O padre António de Freitas evidenciou que o lugar desse encontro com Jesus é, de modo particular, a eucaristia que considerou “um dos grandes barómetros da catequese”. “É importante fazê-los perceber que na eucaristia é Deus que nos está a falar, é Deus que está a dar-se, é o Senhor Jesus que está a vir ao nosso encontro”, afirmou para justificar por que é que “a eucaristia é mais importante do que a catequese em si mesma”. Não obstante reconhecer que a catequese “pode ser um enorme contributo para que se possa compreender, viver e amar mais a eucaristia em Jesus”, desafiou a “ajudar a perceber cada sinal, cada frase, cada resposta” e “o sentido deste momento ou daquele” da celebração. Neste contexto, o formador exortou ainda à introdução da adoração ao Santíssimo Sacramento.
A terminar pediu aos catequistas que “não se considerem insubstituíveis”. “Seria um erro e uma ilusão”, considerou, pedindo-lhes que se sintam “um necessário e amado instrumento de Deus para que Ele continue a obra de redenção do mundo”. “Alegrem-se por serem catequistas em vez de se queixarem”, “olhem para o nosso tempo com otimismo. Não como um obstáculo, mas como o lugar onde Deus quer que sejamos suas testemunhas”, desafiou, considerando o tempo presente como o “melhor”. “É o tempo mais excelente desde a Igreja nascente porque já ninguém é cristão por imposição ou tradição e porque também já não nos perseguem por sermos cristãos. Pelo menos de um modo claro. Estamos a viver o tempo da liberdade total. Liberdade de podermos anunciar e propor, mas liberdade de os outros poderem decidir, pela sua cabeça e coração, serem cristãos ou não. Hoje estamos a viver um tempo que permite uma verdadeira a opção, uma decisão de coração”, justificou.
Conferência do padre António de Freitas: