
A Diocese do Algarve apresentou na manhã do último sábado as linhas programáticas para o ano pastoral 2018/2019 que agora começou sob o tema “Celebrar a família – Ser Igreja Missionária”, o segundo ano do Programa Pastoral trienal que conduz a Igreja algarvia até 2020.
Entre bispo, padres, diáconos, seminaristas, religiosos, consagrados e leigos, a Assembleia Diocesana reuniu cerca de 460 representantes das paróquias, dos serviços e movimentos da igreja algarvia no salão paroquial de São Pedro do Mar, em Quarteira.

Após o acolhimento dos participantes e da oração da manhã orientada pelos Jovens Sem Fronteiras de São Brás de Alportel e Santa Catarina da Fonte do Bispo, o bispo do Algarve saudou os presentes, dizendo-lhes que aquele encontro de lançamento do novo ano deveria ser considerado “como se se tratasse de um Pentecostes”. “Queremos, neste início de um novo ano, abrir-nos à ação do Espírito para nos deixarmos impelir e fortalecer por ele, de maneira particular na fé. É a partir desta nossa realidade concreta de paróquias, grupos e movimentos que somos chamados a concretizar as propostas pastorais indicadas no nosso programa pastoral”, sustentou.
D. Manuel Quintas disse que aquela assembleia serve também para “purificar” o “modo de servir” e a “maneira de ser discípulo de Jesus”, “apontando o caminho para ser centro de unidade e comunhão eclesial, condição essencial para a fecundidade” do serviço. “Gostaria que avivássemos em nós o sentido do nosso serviço à diocese, que quer dizer a Cristo e ao evangelho. Cristo e o evangelho deve ser a motivação mais plena e mais profunda de tudo aquilo que somos na Igreja, daquilo que realizamos. O nosso serviço tem que ser sempre realizado de maneira orgânica, plural, não individualmente porque isso leva-nos à competição, à comparação”, pediu, realçando ser esta “centralidade de Cristo e do evangelho” a “motivação profunda”.

O programa pastoral deste ano 2018/2019 procurou integrar a decisão da Conferência Episcopal Portuguesa em promulgar um Ano Missionário, de outubro de 2018 a outubro de 2019, como resposta à determinação do papa Francisco, em fazer do mês de outubro de 2019 um mês missionário extraordinário.
O bispo diocesano explicou que o Ano Missionário “é transversal a tudo”. “Quando deixarmos de ser missionários, deixamos de ser verdadeiros discípulos de Cristo”, acautelou, lembrando que “a Igreja está ao serviço da missão” porque “a missão não é da Igreja”. “A Igreja é que é desta missão que Cristo lhe confiou”, clarificou.
“É importante que esta dimensão missionária esteja presente em tudo aquilo que nós celebramos, anunciamos, testemunhamos”, acrescentou na conclusão da assembleia, lembrando que ser missionário passa por testemunhar a descoberta de Jesus. “A partilha desta experiência pessoal de encontro com Cristo deve ser o motor que dinamiza o nosso serviço à Igreja, seja ele qual for”, afirmou.

D. Manuel Quintas disse ainda ser “importante promover e criar o hábito do acolhimento e aconselhamento espiritual” para “ajudar os mais novos na definição de um projeto de vida e de uma missão na Igreja e no mundo, tarefa que deve ser assumida pelos diversos agentes de pastoral”. “É fundamental integrar, acompanhar e formar os jovens, ou seja, comprometer-se eclesial ou socialmente, convictos que passa aí também uma descoberta vocacional”, acrescentou.
“Empenhai-vos para que todos possam descobrir novamente este rosto jovem e belo de uma Igreja missionária, desinstalada, aberta aos impulsos do Espírito e aos apelos de mundo de hoje. Vivamos todos esta hora. É a hora de sermos todos, tudo e sempre em missão. Construamos comunidades vivas, fraternas e missionárias, apoiados em Maria”, pediu.
Na apresentação que fez do programa pastoral para este ano, o vigário episcopal para a pastoral da Diocese do Algarve disse que o mesmo é “fruto de um discernimento alargado” resultante da avaliação das suas “paróquias, comunidades religiosas, movimentos e secretariados”. “Estamos assim a fazer um caminho sinodal”, evidenciou o padre António de Freitas, explicando que muitas propostas resultam também do pensar dos órgãos consultivos diocesanos e que “em vez de ser um grupo restrito que programa e giza tudo”, a programação passa por “um consenso, um trabalho de comunhão, um discernimento de cada batizado”.

“É da maior importância que as comunidades cristãs, párocos e movimentos e outras realidades eclesiais se sintam agora também responsabilizados por colocar em prática este programa”, acrescentou, lembrando que “um programa pastoral diocesano não é algo taxativo”. “Não é uma regra que tenhamos de cumprir escrupulosamente. É uma proposta que nos ajuda a fazer um caminho comum, mas que cada comunidade tem de adequar à sua realidade”, explicou.
O padre António de Freitas também considerou que a dimensão missionária “deve ser transversal a qualquer ação, seja na pastoral familiar, juvenil, vocacional”, as três vertentes que o programa pastoral da diocese até 2020 está a privilegiar. “O objetivo não é fazer com que o destaque, agora também acrescentado com o Ano Missionário, roube lugar à família, aos jovens e às vocações. Este Ano Missionário faz-nos, a nós diocese, ir relembrar o objetivo geral que é a transformação missionária de cada uma das nossas comunidades”, observou, considerando que o Ano Missionário “um dom” para a Igreja algarvia “porque se torna uma oportunidade para gerar um novo movimento missionário dentro das comunidades cristãs”.
Nesse sentido, apelou mesmo a que os cristãos algarvios “se disponham a ser missionários dentro da própria comunidade cristã”. “Que se ofereçam para ir animar, dinamizar, acompanhar uma pequena comunidade que, se calhar, fica no interior e que o padre não consegue acompanhar tanto porque tem três, quatro ou cinco paróquias. É esta missão que também precisamos”, complementou, lembrando que “há uma missão – antes da outra missão do lado de lá – a fazer do lado de cá”.

O vigário episcopal para a pastoral adiantou que “o programa pastoral procura dar uma concreta resposta a alguns pontos” como a “espiritualidade” ou a “dimensão celebrativa e orante nas famílias”, bem como “revitalizar a ação vicarial nos três âmbitos em destaque [família, juventude e vocações], apostar no Ano Missionário como uma oportunidade de iniciar o processo evangelizador da nossa diocese, onde a atenção aos que ainda não são cristãos e à catequese de adultos devem ser prioritários”. “É preciso mudar o rumo da evangelização, onde se aposte decididamente olhar para os que não são Igreja, em vez de ficarmos só na manutenção dos que já somos e que a catequese de adultos se torne uma realidade”, pediu.
Olhando para o objetivo de “celebrar a família”, disse que o que se pretende é valorizar a “dimensão de espiritualidade, da oração e das celebrações comunitárias nas e para as famílias”.
De todo o programa, aquele responsável destacou o a abertura do Ano Missionário no dia 21 de outubro em albufeira, as jornadas diocesanas (litúrgica, bíblica e social) e as peregrinações vicariais das famílias a santuários marianos.
A Assembleia Diocesana, que contou ainda com uma mesa redonda composta por duas apresentações sobre os temas “Os jovens e a Igreja” e “Uma Igreja missionária do lado de cá”, terminou com a oração orientada pelos seminaristas da diocese.
Fotogaleria