‘Scouts of the World Award’ premeia o trabalho em prol da comunidade
Catarina Guerreiro, pertencente ao Agrupamento 1339 – São Bartolomeu de Messines do Corpo Nacional de Escutas (CNE), é a primeira escuteira do Algarve a ser distinguida com a insígnia SWA (Scouts of the World Award) atribuída pela Organização Mundial do Movimento Escutista (WOSM), num total de 120 condecorações destas já entregues em Portugal.

A distinção foi entregue no passado domingo, no final da Eucaristia na igreja de São Bartolomeu de Messines. Gonçalo Simões, da equipa nacional do SWA, explicou que o reconhecimento se destina a “jovens entre os 17 e os 22 anos” “que fazem serviço, auxiliando a sua comunidade dentro ou fora do escutismo”. “No fundo, auxiliam naquilo que vai para além daqueles que são os seus desafios no dia a dia”, completou, explicando que o “serviço é composto, no mínimo, por 80 horas ou 14 dias consecutivos” de trabalho.

“Tem o objetivo de incentivar os jovens Caminheiros, Companheiros e Aeronautas [escuteiros dos 18 aos 22 anos, respetivamente dos ramos terrestre, marítimo e aéreo pertencentes à IVª secção do CNE] a realizar projetos no âmbito das três áreas que o CNE e o escutismo mundial pensam que são as mais ideais para esta faixa etária: o ambiente, a paz e o desenvolvimento”, acrescentou aquele responsável vindo de Lisboa.

Gonçalo Simões garantiu que a escuteira “concluiu com distinção” o “desafio do SWA”, “torna-se assim uma Caminheira mais rica, desempenhando de forma notável o serviço com que se comprometeu”. “O serviço da Catarina abrangeu a área do desenvolvimento, tendo em conta a preparação do maior Campo Escutista de Portugal” para o 24.º Acampamento Nacional do CNE (ACANAC), decorrido entre 1 e 7 de agosto do ano passado no Campo Nacional de Atividade Escutista (CNAE), em Idanha-a-Nova.

O serviço da Caminheira consistiu no trabalho de voluntariado no ACANAC, incluindo a semana anterior e a semana posterior, respetivamente designadas ‘ACANAC + cedo’ e ‘ACANAC + tarde’, para a montagem e desmontagem do evento. “A Catarina realizou o seu serviço deixando a sua marca em milhares de escuteiros”, realçou Gonçalo Simões, que entregou a insígnia à distinguida e o respetivo certificado.

Na Eucaristia esteve presente uma representação da Junta Regional do Algarve do CNE, composta pelo chefe regional, João Ramalho, pelo chefe regional adjunto, Luís Santos, e pelo secretário regional para a Gestão, Luís Balacumba. O chefe regional adjunto garantiu que a primeira insígnia SWA entregue no Algarve é “um grande orgulho”. “É uma forma também de demostrarmos que nos escuteiros todo o trabalho que é desenvolvido tem uma finalidade muito grande no seu progresso pessoal e a Catarina é um exemplo nesse sentido”, afirmou Luís Santos, acrescentando que a “melhor missão” que a homenageada tem “quando colocar esta insígnia na sua camisa é a de inspirar todos os escuteiros para poderem também alcançar estes objetivos na sua vida escutista, na sua vida cristã e na sua vida como pessoas”. “Este é o grande desafio que todas estas condecorações deixam no nosso dia a dia”, completou.

Luís Santos agradeceu, “em nome dos 18.000 escoteiros que estiveram no ACANAC”, pelo “trabalho que a Catarina desenvolveu, juntamente com os outros escuteiros do ‘ACANAC + cedo’”, para que todos pudessem viver aquela atividade.

A homenageada disse ter sido, após o ‘servYcet’ de novembro de 2021 – uma atividade de serviço para Caminheiros e Companheiros – que o voluntariado ganhou “verdadeiro significado” na sua vida. “Após o ‘servYcet’, senti que queria fazer mais e foi desse mais que surgiu esta vontade de fazer serviço voluntário em campos escutistas. O ‘servYcet’ mostrou-me que o pouco que fazemos em conjunto com mais de pessoas é capaz de deixar uma marca incrível num campo escutista para que outros escuteiros possam usufruir dessa marca. Durante dois dias fomos capazes de construir uma capela de campo espetacular e foi aí que decidi que queria voltar a fazer isso nesse campo escutista ou noutros onde tivesse essa oportunidade”, afirmou Catarina Guerreiro, explicando que se inscreveu como voluntária para o ACANAC assim que pôde.

“Os dias no CNAE, começavam por volta das 7h. Tomávamos o pequeno-almoço todos juntos e às 7h30 começavam os trabalhos. Parávamos por volta do meio-dia para almoçar e depois do almoço, como estava demasiado calor, descansávamos um pouco, íamos à barragem todos juntos e, por volta das 16h, retomávamos o trabalho e só parávamos depois do pôr do sol quando já não tínhamos luz”, contou, acrescentando que naqueles dias conheceu “pessoas dos quatro cantos do país, incluindo das ilhas”, e fez amigos que vai “levar para a vida”. “Limpar uma casa de banho até pode ser bastante divertido, dependendo da pessoa com que o estivermos a fazer. Durante estes dias tive a sorte de encontrar pessoas incríveis que tornaram o trabalho mais leve e divertido, que souberam brincar, partilhar e refletir nos momentos certos. Foram dias inesquecíveis”, testemunhou.
Catarina referiu que “um dos maiores desafios” do serviço “foi mesmo a privação do sono”. “Acabávamos por ir dormir tarde e acordar cedo. Para além, disso o cansaço físico também se fazia sentir dia após dia porque andar a carregar blocos de cimento e madeira torna-se bastante desgastante para quem não está habituado. Porém, encontrávamos força uns nos outros e conseguimos. Ser Caminheiro é isto: propor-nos a servir quando os outros se propõem a ser servidos”, desenvolveu.
“Saí do CNAE com o sentimento de missão cumprida. Sei que demos e fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para que a atividade decorresse da melhor forma”, concluiu, citando uma frase de Baden-Powell, fundador do Escutismo: “o melhor meio para alcançar a felicidade e contribuir para a felicidade dos outros”.

O pároco de São Bartolomeu de Messines considerou aquele reconhecimento um “desafio” para que todos saibam também servir sem nada esperarem em troca, valor que disse fazer parte do conjunto que o CNE vai procurando viver. “Por isso mesmo, é importante para a nossa comunidade aprender a servir sem nada esperar em troca. É isso que o evangelho nos pede, é isso que Jesus nos vai pedindo”, considerou, acrescentando que “alguém que recebe uma condecoração é sempre um sinal”. “E nós estamos num mundo que necessita de sinais que indiquem à nossa juventude por onde caminhar”, concluiu.
