AÇÃO DE GRAÇAS
Escrevo este último texto a bordo do avião que nos transporta de Guayaquil (Equador) até Madrid. Na madrugada desta segunda-feira (horas locais) viajámos de Quito a Guayaquil, e agora, de Madrid, ainda viajaremos até Lisboa. Após uma semana de bênçãos espelhadas de forma frágil nas partilhas que fui fazendo, especialmente pela Folha do Domingo, mas também pelo site “Educris”, ou ainda pela Rádio Maria Portugal e nas minhas redes sociais (Facebook, Instagram, Tiik Tok e Youtube), só posso exclamar: Bendito seja Deus!

Hoje impõe-se uma palavra de ação de graças pela possibilidade que Deus me deu, por nomeação do Sr. D. Manuel Neto Quintas, bispo de Faro/Algarve, de participar no 53º Congresso Eucarístico Internacional, como delegado diocesano.

TESTEMUNHO
Fui, vi, vivi e testemunhei! Não posso ignorar!
A Eucaristia como ponto de partida, caminho e meta é sempre o desafio a fazermos de forma nova o extraordinário. Não depende de nós, não depende do padre, depende de Deus! Recordei muitas vezes ao longo destes dias a frase atribuída a Madre Teresa de Calcutá: “sacerdote de Cristo celebra esta missa como se fosse a tua primeira missa, a tua única missa, a tua última missa”.

Desde 2012 que sou o delegado da nossa diocese do Algarve aos congressos eucarísticos. Nestas experiências, e ao longo da realização dos mesmos, peço a Jesus que me ajude a ser o olhar, o coração e a voz da minha diocese para que outros possam acolher alguma beleza do que vou escutando e vivendo. Como eu gostaria que descobríssemos a beleza e profundidade dos congressos… Aqui não importa a língua ou a aparência, o rito ou o movimento, aqui importa Jesus, e Jesus sacramentado, realmente presente em cada altar, em cada sacrário e tantas vezes esquecido ou desprezado…

Em Dublin/Irlanda acompanhou-nos o lema: “A Eucaristia: comunhão com Cristo e entre nós”; em 2021 (2020) em Budapeste/Hungria – “Todas minhas fontes estão em ti” (Sal 87,7) e agora em Quito/Equador – “Fraternidade para curar o mundo – “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8). Tem sido um crescendo de graças e também de sentir de igreja. A igreja ferida de Dublin passou o testemunho à jovem e dinâmica igreja de Manila (2016 – não participei). Em Budapeste sentimos o vigor, mas também o formalismo de uma reflexão e vivência que testemunhou um mundo que tentava ser novo, diante da história do passado/recente daquela parte da Europa. Quito foi uma janela para o presente da igreja… a vida da América Latina com os seus desafios, preconceitos e esperanças… o desafio da sinodalidade e a “encarnação” da vida indígena tão presente… “tudo falou e se falou” de uma forma natural e verdadeira. Olhei para a frente e reli o sínodo da Amazónia, e talvez tenha percebido um pouco mais (olhando a algum preconceito anterior meu) o que quer dizer o Santo Padre com o seu “sonho missionário de chegar a todos”!

Destaco ainda de forma insuficiente algumas notas breves…

A beleza das celebrações e a alegria que as caracterizou, mesmo em contexto sóbrio; o extraordinário acolhimento de um povo que permite que se construam pontes para uma verdadeira comunhão e nos contagia a todos (mesmo aos mais formais) numa comunhão existencial que se experimenta em actos e nos desafia.

A vivência e a convivência da igreja pobre… a igreja que tem sempre algo mais para dar, para além do que se vê e toca… A igreja onde até os limites físicos são rapidamente superados pelo acolhimento e pela ajuda. Posso testemunhar em primeira pessoa que nenhum limite físico impediu quem quer que fosse de viver em pleno este congresso.

DESAFIOS PESSOAIS (e diocesanos?)
Uma vez que fui em nome da diocese a este congresso eucarístico internacional, permito-me agora deixar aqueles que me parecem os apelos que o Espírito Santo me suscita.

Não podemos desviar o olhar, nem baixar os braços! Chegados a casa, é tempo de recomeçar! Para já quero dizer que pretendo promover muito em breve um conjunto de catequeses “on line” inspiradas nas catequeses eucarísticas do Papa Francisco a começar ainda este ano, que culminarão com o desafio de um tempo de adoração, que apresentarei em tempo oportuno.

Desejo exortar todos os que me leem a momentos de adoração ao Santíssimo mais frequentes (mesmo individualmente); quem sabe, a nível da diocese, por centros evangelizadores ou regiões pastorais (onde ainda não se faz) valorizar mais o “Dia de Corpo de Deus”, e por fim, o desejo de sonharmos juntos a fundação de uma “capela de adoração perpétua” na nossa diocese. Penso no dom que será para a nossa diocese uma capela destas, e nos frutos que daí, realmente, poderão advir.

POR FIM…
Não sou um especialista em congressos eucarísticos mas o facto de já ter participado em três congressos eucarísticos internacionais e num nacional tem-me ajudado a perceber que a igreja é, por vontade de Deus, muito grande. É preciso ir mais longe, é preciso pregar noutros lugares, reconhecer que temos feridas, mas anunciar em tudo e sempre que temos também a cura, e a cura é Jesus!

Quero deixar uma referência de profunda alegria e gratidão pela vivência conjunta destes dias com o Cón. Carlos Aquino. Com ele senti que muitas vezes em tantas circunstâncias a nossa diocese estava ainda mais presente no que vivíamos e celebrávamos. O nosso olhar agora volta-se para Sydney, mas até lá, como sempre, o olhar de Jesus, sobretudo na eucaristia volta-se para ti, para mim, e especialmente para aqueles que ainda não O conhecem para que por ti, e por mim, O possam descobrir.

P. Pedro Manuel
Delegado Diocesano ao Congresso Eucarístico Internacional – Quito/Equador