Na região algarvia foram cerca de 75 os candidatos ao segundo ano da ‘Missão País’ que se iniciou no concelho de Alcoutim em fevereiro do ano passado, levada a cabo por 41 estudantes da Universidade do Algarve (UAlg), e que iria ter continuidade já em fevereiro deste ano.
Este ano, por força da pandemia, o número máximo de participantes em cada missão seria reduzido de 50 para 30 e, no caso da missão da UAlg, estas vagas tinham sido todas preenchidas para o segundo ano em Alcoutim que não irá realizar-se no terreno.
‘Missão País’ não se realiza este ano no terreno, mas no ambiente familiar de cada missionário
Contactados pelo Folha do Domingo, os chefes gerais deste ano, da missão levada a cabo pelos estudantes da UAlg, mostraram-se surpreendidos com a afluência de aderentes ao segundo ano do projeto. “Esperávamos não ter a adesão que outras universidades, que já fazem isto há muito mais tempo, têm. Apesar da restrição de vagas, tivemos muito mais candidaturas do que o número máximo. Esse aspeto foi bastante positivo. Mas, claramente, ainda há um espaço para crescimento e nós esperamos que daqui a uns anos o projeto esteja mais difundido e haja mais estudantes interessados”, refere João Leite, estudante do segundo ano de Biologia Marinha.
Aquele responsável considera que a principal consequência desta interrupção será o corte no trabalho iniciado de “ligação com a comunidade de Alcoutim”. “O grupo que for para o ano, se for possível a missão ser realizada, vai ter um bocado esse entrave”, lamenta.
Rita Marques reforça que será preciso recomeçar e “voltar a ganhar confiança, caso seja possível regressar à normalidade”. A estudante, também de Biologia Marinha, mas do terceiro ano, acrescenta que a continuidade da missão na universidade terá de ser igualmente revitalizada, lembrando que um ano, tendo em conta que os estudantes estão apenas entre três a cinco na academia, “é bastante”.
No caso da UAlg, que tinha aderido ao projeto o ano passado e estava a dar os primeiros passos para o tornar conhecido, este interregno da missão no terreno acaba por ser duplamente penalizador. No entanto, Rita Marques refere ser preciso continuar a passar o “amor ao projeto” que levou a equipa de chefes do ano passado a abraçá-lo. “Também nos traz alguma esperança ver que, ainda assim, há universidades que começaram este ano o primeiro ano de ‘Missão País’ e mesmo assim não quiseram desistir do projeto”, acrescenta.
Aquela responsável diz ser necessário continuar a “acompanhar os missionários durante essa caminhada, fazê-la com eles, ainda que à distância, e ajudá-los na mesma a descobrir o projeto e o que seria a missão num ano normal”. “As bases serão as mesmas: aprofundar a nossa missão interna, externa e pessoal”, sustenta.
A equipa nacional propõe aos cerca de dois mil missionários inscritos este ano no projeto de voluntariado “um caminho de oração nas suas famílias e casas”. Os chefes nacionais do projeto explicaram à Agência Ecclesia que querem dar “liberdade a cada missão para desenvolver atividades junto dos missionários inscritos”.
João Leite acrescenta que assim que começaram as restrições maiores e a hipótese de a missão no terreno não se realizar começou a afigurar-se como uma forte possibilidade, os chefes da equipa regional começaram logo a pensar no poderia ser feito. “Passará muito por tentar passar os valores da missão, quer seja por convívios online ou por testemunhos dos missionários que estiveram connosco o ano passado”, adianta, acrescentando que as atividades alternativas ainda não estão decididas, mas que “vai ser um desafio”.
A ‘Missão País’ é um projeto católico criado em 2003 a partir do Movimento Apostólico de Schoenstatt (embora hoje seja independente) que organiza e desenvolve missões universitárias a partir de várias faculdades de Portugal. São semanas de apostolado e de ação social que decorrem durante três anos consecutivos no período de interrupção de aulas entre o primeiro e o segundo semestres, divididas em três dimensões complementares – externa, interna e pessoal – em que o primeiro ano consiste no “acolhimento”, o segundo na “transformação e o terceiro no “envio”.